MRS DALLOWAY
Um filme “de época” como se diz: no caso, trata-se de fatos anteriores e posteriores à Primeira Guerra, principalmente os acontecimentos de cinco anos depois, contemplando Londres e a alta burguesia. E um jantar. O drama tem como foco principal a personagem de Vanessa Redgrave, Clarissa, casada com o nobre Dalloway e que no seu passado teve que fazer uma importante e decisiva escolha. E é em relação a essa opção que o tempo presente acabará sendo um palco importante para se exorcizar fantasmas e avaliar o poder da passagem do tempo, com ou sem arrependimento e perdão. O filme, que mostra o regime patriarcal vigente, em que as mulheres eram simplesmente passadas dos pais para os maridos, convive permanentemente com flash backs, mostrando a juventude dos personagens. Na verdade, é uma adaptação da notável obra de Virgínia Woolf e nisso residem suas principais hesitações (de enfoque e sequências), porque não é tarefa fácil adaptar um texto com tal riqueza e profundidade, tanto de romance, como de crítica social. E, como referido, é no presente que haverá alguns momentos pungentes, sobre as escolhas que fazemos e a passagem do tempo, emoldurados com alguns trechos da obra de Virginia (que já deixam clara a distância entre o livro e o filme), valorizados pela fotografia, pela narrativa suave e delicada e pelas ótimas interpretações de todo o elenco, com destaque para Vanessa, John Standing e Natascha McElhone e contando com a jovem (então) presença da bela Lena Headey (a rainha de Game of Thrones)… lembrando que este filme é de 1997. 8,0