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O DESTINO DE HAFFMANN

Mais um filme ambientado em Paris durante o período da Ocupação (1941 e 1942 no caso), leia-se Segunda Guerra e invasão nazista. Leia-se também perseguição e massacre de judeus. Entretanto, o roteiro deste filme é baseado em peça teatral bastante consistente e possui um desdobramento rico e interessante, trazendo um contexto diversificado e inesperado em uma trama que aparenta ser simples logo no início, mas que envereda por várias ramificações, apesar da limitação do espaço. Na verdade, o diretor Fred Cavayé, com uma boa história em suas mãos e contando com um brilhante trio de intérpretes, consegue em ambiente absolutamente restrito contar um drama que acaba sendo diferente e emocionante. A história é forte, criativa (embora não deixe de assumir tons verossímeis) e os dois atores e a atriz a interpretam de uma forma contundente e que contagia o espectador: o veterano Daniel Auteuil é sempre visceral em seus personagens, por menos energia que seja forçado a gastar; o também nada novato Gilles Lellouche personifica de maneira marcante alguém que, pelas circunstâncias, acaba assumindo posições contestáveis ética e moralmente (o que exige maestria, mas a aversão que provoca atesta a qualidade da performance); e, por fim, a atriz Sara Giaraudeau consegue imprimir tons gradativos de emoções diversas à sua personagem, que, conforme o enredo avança, resplandece e mostra ser mais real do que as sombras que a cercavam sugeriam inicialmente. Realmente uma obra bem compatível com uma peça teatral, mas que levada às telas também funciona de forma eficiente. 8,6