OS ASSASSINOS

Quem vê este noir de 1946 imediatamente o coloca como “daqueles antigos”, sem a menor dúvida, pois seu estilo já denuncia seu tempo. Mas acho que jamais dirá que Burt Lancaster está estreando no cinema (com 33 anos na época), pois parece mais um veterano. O desempenho seguro que apresenta para um papel difícil, sem clichês e com variáveis de comportamento e humor (como o personagem exige) já deixava claro seu brilhante futuro como ator. Fora ele, todo um elenco harmonioso, um “detetive de seguro” interpretado com personalidade por Edmond O´Brien (à la Bogart em algumas cenas) e a presença muito bonita da também ótima atriz Ava Gardner, no feitio de femme fatale. O roteiro foi baseado em uma história de Ernest Hemigway, o que já é ótima referência, além de ter sido feito em vários mãos, uma das quais de John Huston. De fato, é um drama policial diferente, tanto pelo seu início, como pelo seu desenvolvimento, trazendo alguns interessantes mistérios, sendo o mais importante desvendado somente no final, como manda o bom figurino. Ritmo muito bom, suspense, tensão, ótima trilha sonora, um toque de romance e um mundo criminoso sendo mostrado de modo claro, mas algo imprevisível. O filme tem um ou outro momento menos intenso e de menor dramaticidade, mas isso não o desqualifica, sendo, afinal, um bom exemplo dos ótimos dramas policiais de suspense da chamada Era de Ouro de Hollywood. O diretor foi Robert Siodmak, que dirigiu inúmeras outras produções noir na mesma década e o filme foi indicado a vários Oscars: Diretor, Roteiro, Montagem e Trilha sonora. 8,4