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ASSASSINOS DA LUA DAS FLORES

Uma obra de fôlego do grande Martin Scorsese (que faz uma ponta no final do filme), não apenas por ser um longa-metragem (com quase 3 horas e meia de duração), mas principalmente pela abordagem aprofundada que faz do difícil tema, valorizando inclusive a obra de mesmo nome em que se baseou: o best seller de David Grann. A temática já foi bastante enfocada no cinema, mas não com a extensão e riqueza que este filme apresenta: a exploração dos índios pelos brancos, mas aqui tudo elevado à potência da perversidade, sordidez e violência, agravados por atos orquestrados de maldade continuada, para extirpar patrimônio e no fim das contas buscar simplesmente o genocídio dos Osages, índios que enriqueceram com o petróleo encontrado em suas terras, nas primeiras décadas do século 20 (em Oklahoma). A cobiça, a corrupção desenfreada, as cores da transformação do Velho Oeste em Civilização, com todos os percalços das mudanças e da chegada da modernidade, um conjunto de fatos que se misturam para dar ao filme um colorido especial, mas também um ar dramático, de suspense e mesmo contornos de terror, quando praticamente se chega a um ponto sem esperança, diante da prática do mal sem o menor vislumbre de algo que possa controlá-lo. Até que algo aparece. Nesse sentido, percebe-se nitidamente – e mais uma vez – que o direito e a lei, a ordem e a justiça consistem na única resposta possível (ou réstia de esperança) do homem contra o caos e a violência desenfreada (a barbárie). Além da excelente direção, o elenco é de peso, despontando agora juntos – e com maravilhosas atuações – dois parceiros constantes de Scorsese: Leonardo Di Caprio e Robert De Niro. Também se destacam os ótimos desempenhos de Lily Gladstone e Jesse Plemons (além das pontas de John Lithgow e Brandan Fraser). Um filme forte e perturbador, por se basear em fatos reais, mas que talvez pudesse explorar de modo mais intenso algumas emoções e se tornar ainda mais apaixonante e arrebatador. 8,8