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THE PLACE

Filme de encerramento da 11ª Festa do Cinema Italiano, alguém já o comparou a “um consultório de psicanálise”. Em parte foi uma ótima definição. Porém é muito mais que isso. Pode lembrar às vezes Fausto, ser considerado como um mero conto, ou uma fábula até. Mas também uma hábil mistura… Realmente o que chama atenção é a originalidade do roteiro, porque temos um personagem fazendo ponto em uma mesa de lanchonete/restaurante (aparentemente sem sair dali nem pra dormir) e pessoas comuns diversas (com problemas variados) que vão chegando e se revezando em conversas com ele na mesa. Mas aí é que está o cerne da questão: a natureza dessa conversa. Nesse ponto, o filme se destaca pela bela ideia e pelo mistério que orbita em torno dessa ideia, do começo ao fim: quem é esse intrigante personagem? Qual o objetivo de fazer o que faz? O que vai acontecer com as pessoas que com ele conversam e recebem as “tarefas” (indigestas/proibidas/perigosas/imorais/ilegais)? Alguns destinos vão se entrelaçar? São perguntas que terão respostas. Mas nem todas, deixando a cada espectador a possibilidade de completar as reticências seu modo. O filme é uma adaptação de uma série dramática de TV americana e apresenta sérias e profundas discussões/reflexões sobre a natureza humana e seus limites, sobre o que ela tem de bom e de mau e imprevisível: o lado escuro e sombrio da alma. Mais perto do final, uma das melhores frases do filme e que o explica ou justifica (contudo não inteiramente…), quando alguém diz ao personagem do ator Valério Mastandrea que ele é um monstro e ele dá a magistral resposta. Por sinal, embora todo o elenco esteja ótimo, o premiado ator é perfeito para o papel, porque tem um jeito ao mesmo tempo triste, soturno, misterioso e enigmático, exatamente o que pede o personagem. Um filme rico de propostas e opções, inclusive filosóficas.  8,7