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EDEN LAKE (SEM SAÍDA)

Estamos em um mundo no qual vivemos em permanente inquietude e perplexidade. Medo da violência e espanto diante de sua ocorrência, às vezes com requintes de crueldade, às vezes quando menos se espera. Em relação a essa violência, vemos incrédulos, todos os dias na mídia, cenas quase inacreditáveis de covardia, de insensatez, de animalidade mesmo, presenciando o total desprezo de algumas pessoas pela vida humana, por quaisquer valores da civilidade,  como se estivessem ali animais, com o agravante de que não praticam o crime para matar a fome e sim para saciar instintos raivosos. Vendo a violência que está em nossa volta e que muitas vezes nos aterroriza, sentimo-nos impotentes e até podemos perfeitamente perder um pouco a fé na humanidade, ao constatar que certas situações são irremediáveis e que determinadas pessoas jamais serão dignos de serem chamados de humanos, aproximando-se mais das bestas irracionais e implacáveis em seus atos de selvageria. Ficamos achando mesmo que não há solução para tal tipo de gente e por decorrência para alguns tipos de crimes. Este é um dos filmes de suspense (e terror) mais realistas dos realizados no gênero e que nos faz pensar sobre os fatores acima expostos. Mas já fica a advertência de que haverá sustos (muito bem feitos), mas principalmente um conteúdo adulto e com cenas de intensa violência, que exigem certo preparo do espectador. Um filme desaconselhável para grande parte do público, portanto, mas que deve ser visto pelos que apreciam o gênero e fatos fortes, até como um meio de alerta e também de reflexão sobre inúmeros os fatos sociais, sobre a nossa realidade. Porque visto como algo não banal, o filme será entendido na mensagem que pretende passar e que também nos fará pensar sobre nossa conduta e as medidas que devemos adotar em nosso dia a dia para não nos sujeitarmos a tais possibilidades. E talvez concluir realmente que há pessoas sem qualquer padrão de moral ou de humanidade, de quem deveremos manter sempre a prudente distância. Trata-se de um filme incomum dentro do modelo, que geralmente é superficial, nas cenas, nos sustos, nas mensagens e até mesmo na direção e nas interpretações. Porquanto aqui, ao contrário, é algo muito bem elaborado, dirigido e montado, que mostra uma realidade para a qual muitos viram as costas, mas que existe diante de nossos olhos. O filme choca, incomoda, discute inclusive a educação, a criminalidade envolvendo a menoridade penal, entre outros contextos. E, embora com roupagem de filme B (e alguns clichês e até pequenos exageros para o bem da mensagem), tem todos os ingredientes que o qualificam, incluindo com o roteiro a excelência dos seus protagonistas, que são classe A, como a ótima atriz britânica Kelly Reilly (Bonecas russas) e o renomado e excelente ator Michael Fassbender (Shame, A luz entre oceanos). O diretor é James Watkins (A mulher de preto) e este thiller de 2008 acabou além dos fãs do gênero agradando também a crítica, sendo bastante elogiado.8,6