PELOS MEUS OLHOS (TE DOY MIS OJOS)

Cinema é uma diversão maravilhosa, principalmente quando nos faz viajar por mundos irreais. Mas de vez em quando é salutar entrar em contato com a nua realidade e que nos faz refletir sobre os fatos sociais, mas também sobre o quanto, mesmo que em pequena dose, nos identificamos com essa realidade, mesmo sendo atores secundários. É muito bom ver filmes sérios e bem acabados de vez em quando, como é o caso deste filme espanhol que ganhou 7 Prêmios Goya (Oscar do cinema espanhol) em 2003, inclusive de Filme, Diretora, Ator e Atriz.  O  título em português é, para variar, inadequado, pois se trata de uma relação de opressão, de violência contra a mulher, e, portanto, o nome  “Pelos meus olhos” perde muito em sentido, comparado com o original. Aqui somos espectadores da violência doméstica, mostrada em cores tão reais, que sentimos na pele o horror por que passa a personagem, violentada cotidianamente em seus direitos, em sua intimidade, em sua liberdade, por um  troglodita que deveria ser seu parceiro, mas que patologicamente passou a ser apenas um inimigo a ser temido e que governa apenas através da violência, principalmente moral. A indignação que sentimos é, em grande parte, mérito da diretora Iciar Bollain (uma mulher, claro !), mas principalmente do brilhante casal de protagonistas: Laia Marull (Pilar) e o estupendo Luis Tosar (Antonio), que em 2002 recebeu o prêmio Goya (Oscar espanhol) de Melhor Ator Coadjuvante, pelo filme Segunda-feira ao sol.   8,5