Um drama com algum clima de comédia (denunciado inclusive pela ótima trilha sonora) produzido pela HBO (2019) e baseado em fatos reais. Estrelado pelos ótimos Hugh Jackman e Allison Janney, ele talvez tenha aqui, sob certo ângulo, o papel mais desafiador de sua carreira (surpresa para os fãs) e ela como sempre, veterana e maravilhosa atriz. O roteiro expõe os fatos e nos deixa apenas a tarefa de julgá-los, fazer a devida apreciação moral etc, ficando evidente que há muito poucos esclarecimentos a serem feitos, tal qual a clareza das evidências, que envolvem um dos mais conceituados colégios dos EUA. Difícil evitar o spoiler a partir daqui. Fica o alerta. E uma situação aparentemente tranquila, de um colégio que está colocado em 4º lugar no ranking dos melhores americanos (e buscando crescer ainda mais) –sendo um dos fatores dessa avaliação a admissão de seus alunos nas grandes faculdades do país-, uma instituição sólida, imune de qualquer suspeita, que de repente se vê às voltas com o maior escândalo financeiro do mundo, envolvendo escolas públicas. Vidas são devassadas, segredos são expostos, tudo gerando desgastes, perplexidade, trágicas consequências pessoais. Evidente que as fraudes (os “furos”) vão aparecendo aos poucos, mas tudo vira subitamente um rastilho de pólvora. A mentira tem pernas curtas mas pode caminhar por bastante tempo. Máscaras um dia caem e lembramos até de alguns escândalos mais próximos a nós, brasileiros…Mas se pode retirar do roteiro algo até mais profundo, como uma reflexão sobre a vaidade e a consciência dos criminosos (que muitas vezes não têm essa última, vendo os fatos de um modo totalmente dissonante da realidade, como se o merecimento no cumprimento do dever justificasse qualquer recompensa, mesmo ilícita), como uma homenagem ao elevado papel do jornalista na história (mesmo em nível amador) ou da própria imprensa em si, como veículo de investigação e de denúncia de bastidores inconfessáveis a que só mesmo ela consegue, com insistência, coragem e responsabilidade, ter acesso. 8,5
