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LIÇÕES DE PERSA (PERSIAN LESSONS)

Um filme de 2020, sobre a segunda guerra (embora com poucos tiros), que praticamente se passa todo dentro de um campo de prisioneiros e que foi indicado pela BieloRússia para concorrer a uma vaga na disputa do Oscar 2021, obviamente na categoria de Melhor filme estrangeiro, embora tenha sido co-produzido pela Rússia e pela Alemanha. O tema: um judeu, sagaz e se aproveitando de maneira bastante arguta de uma chance de sobreviver em situação crítica, inventa uma bela farsa, que vai ter que manter, inclusive perante um dos oficiais do referido campo e com ela se manter vivo. O interessante é que o embuste pode ser a qualquer momento desmascarado, embora isso também não seja tão fácil, em razão de sua natureza. E assim o filme evolui, mostrando algumas relações, a aspereza dos comandos alemães, a rigidez da disciplina, o pouco caso em relação aos prisioneiros judeus e o sofrimento a que foram compelidos pela crueldade dos opressores e da própria guerra, tudo fazendo com que o espectador acaba bastante envolvido, curioso e intrigado pelo rumo dos acontecimentos. Uma improvável amizade acaba se sustentando em um mentira e por isso permanecendo como se todo o tempo estivesse se equilibrando sobre o fio de uma navalha. Apesar de poucos momentos mais contundentes em termos de violência, não somos poupados dos horrores da guerra e podemos senti-los ao longo de todo o filme, apenas pela observação dos acontecimentos dentro do campo de concentração. Pelo que consta, o filme foi baseado em fatos reais e destacam-se com mérito as interpretações de Nahuel Pérez Biscayart (Gilles) e de Lars Eidinger (Koch), embora todo o elenco seja de qualidade. Dirigido por Vadim Perelman, trata-se de um drama que conta muito bem mais uma história envolvendo o holocausto, mas com elementos originais e que despertam vários tipos de legítima emoção. O final do filme é algo que merece especial menção, pois, inesperado, é simplesmente emocionante e espetacular, dando inclusive um maior significado ao filme e resgatando qualquer deslize de roteiro. A derradeira cena (na verdade a penúltima) é uma pérola surpreendente e inesquecível, que coroa de profundidade atemporal esta bela obra!  8,8