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AS VINHAS DA IRA (THE GRAPES OS WRATH)

Uma belíssima direção de John Ford (que por ela recebeu o Oscar de Melhor diretor em 1941), na adaptação da renomada -e premiada com o Pulitzer– obra literária de John Steinback, Prêmio Nobel de Literatura (1962) e autor, entre outros, de Ratos e homens e A leste de Eden (que redundaria no filme Vidas amargas). O livro e o filme tiveram alguns problemas em razão de sua temática forte e provocativa para a época, pois tratam da súbita e violenta mudança na sociedade rural americana, a partir da Grande Depressão (crise da Bolsa de Nova Iorque de 1929) e das consequências nefastas desse fato nas famílias e na vida social, desagregadas pela enorme devastação (famílias abandonando casas e plantações e passando necessidades básicas) e jogadas à total miséria. Também constatamos, junto com a pobreza que se alastrou, a nova realidade instalada à forca, do domínio dos Bancos e das grandes corporações, que passaram a administrar e a explorar as propriedades e as lavouras. O livro e o filme foram proibidos em alguns países e inclusive, durante algum tempo, no próprio Estado da Califórnia, em razão de seu texto ferino, que ao mesmo tempo em que denuncia a exploração dos pobres e miseráveis pelos novos donos da terra, também mostra a gênese dos movimentos de revolta, o ativismo político incipiente, mas já efervescente. Na última cena do filme, inclusive, a excelente Jane Darwell (que ganhou o segundo Oscar do filme, como Melhor atriz coadjuvante) diz um belo texto enaltecendo o poder que emana do povo e que assim se dará perpetuamente. Com grande destaque também para a performance do excelente Henry Fonda e para a bela fotografia, o filme concorreu a sete Oscars e, no seu relato da fome, do desespero e da desesperança, grava uma história forte e pungente, quase contemporânea aos próprios fatos que contempla, sendo também por isso considerado por muitos como uma das obras mais significativas da história do cinema.  8,6