SYSTEM CRASHER (TRANSTORNO EXPLOSIVO)
Este é um drama alemão de 2019 que ganhou inúmeros prêmios (Melhor filme, diretora, roteiro, edição, ator, atriz…). Foi o candidato do país para o Oscar. É um filme forte e muito sério e que tem um estranho título. De fato, não é fácil dar um nome para ele. “Transtorno explosivo”, o título em português, é coerente com a mentalidade de bilheteria que por aqui impera (como se esse filme fosse popularizar…). Mas o título em inglês é exatamente o que o filme mostra: a incapacidade do sistema para resolver determinados problemas, a destruição do sistema promovido pela personagem. O que ocorre de uma forma inesperada e contrastante, porque na verdade o filme trata de um problema gigante, mas provocado por um pedaço de gente, de aparência frágil e angelical: uma menina loira e de olhos azuis, de 9 anos -a atriz tinha 10 anos, ano passado, quando fez o filme. Mas a fragilidade referida é apenas aparente, porque dentro dela existe um furacão, uma bomba-relógio, prestes a explodir a qualquer momento. O filme gira todo em torno dela, Benni, do “sistema”, supostamente aparelhado para colocar fim em todos os problemas e das pessoas que vão se envolvendo, a partir da mãe e passando pelos variados profissionais, de pedagogia, psicologia etc. Não quero dar spoiler, mas apenas relato que os meus sentimentos ao longo do filme foram os mais variados, conforme cada momento, variando de choque a pena, indignação, consternação, ternura, mas se nutriram da permanente esperança de um final feliz, seja pelo afeto, seja pela ciência. O filme tem uma direção maravilhosa de Nora Fingscheidt (que também escreveu o roteiro), excelente edição, trilha sonora (sutil, mas presente nos momentos certos) e atuação de todo o elenco, mas há momentos tanto comoventes (o eco…), como perturbadores. A esse respeito, a grande responsável pela intensidade dramática da história, sua expressão maior reside efetivamente na extraordinária força interpretativa de Helena Zengel, uma pré-adolescente que já havia estreado na sétima arte dois anos antes (A filha) e que aqui entrega uma atuação de gente grande, de primeiríssima qualidade. 8,8