UM COMPLETO DESCONHECIDO

Este é um filme de 2024 e que concorreu em várias categorias nos mais diversos festivais de cinema (inclusive o Oscar), sendo conhecido como o filme de “Bob Dylan”. Por este filme, o franco-americano Timothée Chalamet (Duna 2, Me chame pelo seu nome) conquistou o grande feito de ser eleito o melhor ator no SAG AWARDs 2025, que é o sindicato de atores ou atrizes. Ou seja: ele não ganhou Cannes, nem o Globo de Ouro, nem o Oscar, mas recebeu o prêmio de seus pares. E, de fato, o trabalho que aqui realiza é marcante, tendo construído um retrato forte e assemelhado à realidade do polêmico e imortal Bob Dylan, mostrando todas as facetas do jovem que revolucionou a música folk nos anos 60 (em diante), com sua mistura de ritmos (blues, country, rock…) e seu ativismo político contra a guerra do Vietnã, o armamento nuclear etc, sendo ainda fato que a composição de 1963 “Blowind in the wind” acabou se tornando simplesmente imortal, virando um hino de manifestação popular a favor dos direitos civil. Cabendo ainda salientar que Dylan – que vai fazer 84 anos agora em maio – ganhou em 2016 o Prêmio Nobel de Literatura, “por ter criado novas expressões poéticas dentro da grande tradição da canção americana”. Chalamet apresenta com grande competência o surgimento e a evolução do artista, sua grandeza e também sua estranheza como pessoa, sua voz anasalada, seu modo personalíssimo de interpretar…e pelo que consta, o ator treinou exaustivamente durante longo tempo para apresentar com perfeição as performances artísticas do ídolo, inclusive no toque do violão e nos trejeitos físicos. O filme é extremamente bem feito, com um banho de músicas de vários gêneros, predominantemente folk e um passeio tanto pela época, como pelas canções e pelos ídolos que lá existiam (há cenas magistrais de duetos) e que foram responsáveis pela consolidação de uma era (como Joan Baez, por exemplo, com quem Dylan teve um relacionamento). Monica Barbaro a interpreta muito bem, como também Edward Norton (que concorreu a diversos prêmios fazendo um grande Pete Seeger) dá um show de talento, da mesma forma atuando a versátil Elle Fanning. Um filme que mostra com ótimo desenvolvimento – o diretor James Mangold (Logan) – a vida de um fenômeno que subitamente emergiu, a revolução que promoveu dentro do folk americano, suas influências sociais, seus feitos musicais, suas idiossincrasias e suas crises pessoais, mas sobretudo seu talento revolucionário e a liderança que promoveu em um meio no qual permanece um ídolo intocável com a sua obra gravada ad aeternum dentro da música universal. 9,1