PRIMER

Como bons seguidores de alguns dos grandes nomes da ciência/informática, os personagens aqui são inventores de garagem, atividade que exercem na casa de um deles, paralelamente à profissão de cada um. O estilo da filmagem combina com isso, parecendo meio amadora. Não há nada daqueles aparatos comumente vistos em filmes de ficção científica, com máquinas e luzes, ordenados e funcionando sistematicamente. E vê-se que os quatro homens (inicialmente, depois apenas dois aprofundam a busca) tentam descobrir novidades que possam interessar/inovar o mercado a qualquer custo, utilizando sucata, material barato e de origem mais fácil e rápida, mas com a ajuda de seus conhecimentos específicos tecnológicos/científicos, os quais incluem física elevada etc. O espectador vai ter que tentar acompanhar os fatos, sem perder detalhes e o fio da meada, o que no início – embora estranho, porque os diálogos são lacônicos e nada didáticos – não é tão complicado, mas o desenrolar do filme vai mostrar que se trata de uma tarefa hercúlea. Os projetos em andamento parecem às vezes meio “gambiarra”, outras vezes promissores, mas a capacidade do grupo (ou da dupla) aparenta ser inquestionável e a trilha sonora cria um suspense bem adequado às expectativas. O filme dá a impressão de que o roteiro tem total embasamento científico, inclusive porque ganhou o Festival de Sundance de 2004, o que é um indício de seu mérito, afinal. Mas a ação transcorre sem muita novidade, até que alguma coisa acontece e os dois amigos se veem diante de algo que acreditam seja grandioso. A partir daí, o filme envereda por caminhos mais complexos e das duas uma: ou se torna fascinante para o espectador, que deseja resolver os mistérios e ir encaixando as peças complicadas – até podendo se colocar no fascinante lugar de um cientista que de repente inventa algo inusitado – ou  se torna um tédio absoluto, pela falta de compreensão (progressiva) sobre os fatos que estão ocorrendo. A dificuldade de entendimento da história obviamente desestimula. De minha parte, já vi o filme duas vezes e não consegui compreender bem certas coisas e nada entendi de outras. Fico até em dúvida sobre se a maior parte das pessoas terá condições para absorver todas as sutilezas e criar um sentido lógico nas coisas. De todo modo, o filme foi premiado e é polêmico. O diretor e roteirista é o mesmo ator que interpreta o Aaron, Shane Carruth.    7,8