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OS MISERÁVEIS

Os miseráveisO filme, claro, é baseado na famosa obra de Victor Hugo (1862), que já teve dezenas de adaptações. Trata-se aqui de um musical, produzido com todo o esmero em 2012 pelo Reino Unido. Mas não é um musical comum, é uma superprodução. O musical por si só já é um desafio, pois mistura música, poesia, teatro, ópera e é o cinema o veículo escolhido para passar a mensagem e inebriar os sentidos, sendo imprescindível uma harmonia perfeita entre todos os elementos, um ritmo perfeito. Uma superprodução é um desafio maior, não só quanto à produção propriamente dita, direção, cenografia, montagem etc., mas principalmente para os atores, que além de interpretarem dramaticamente os personagens (no caso bastante difíceis), ainda têm que cantar e/ou dublar. Neste caso o desafio foi vencido com maestria, pelo diretor Tom Hooper (O discurso do rei), por toda a equipe envolvida nesta obra magistral e pelo elenco, comandado por um Hugh Jackman na melhor interpretação de sua carreira, compondo um Jean Valjean complexo e atormentado, por Russell Crowe ótimo na pele do capitão Javert, o eterno perseguidor de Valjean, por Anne Hathaway maravilhosa como Fantine e outros (Helena Bonham Carter e seu partner Sacha Baron Cohen, casal desonesto e canastrão, Amanda Seyfried como a Cosette já na mocidade, Eddie Redmayne e Samantha Barks ótimos também…). Os momentos românticos comovem, os políticos insuflam, as músicas e os arranjos são espetaculares e o filme em sua segunda e decisiva parte fica sensacional, com um final apoteótico e magnífico, digno do gênero. Porque não se trata apenas de mostrar com talento e competência atos de coragem, heroísmo, compaixão etc…trata-se aqui da bravura que alimentou, com suor e sangue, a própria História. Ganhou o Globo de Ouro de Filme, Ator em Musical ou Comédia e Atriz Coadjuvante em Musical ou Comédia. Concorre aos Oscar de melhor Filme, Ator, Atriz Coadjuvante, Canção Original, Mixagem de Som, Figurino, Design de Produção e Maquiagem e Cabelo. Certamente a Academia não vai premiar com o Oscar de Melhor Filme um musical inglês contando a história pós-Revolução Francesa, assim como não terá a coragem de tirar o prêmio do grande Daniel-Day Lewis, intérprete de um dos seus heróis históricos (Lincoln), embora seja quase certa a premiação de atriz coadjuvante para Anne Hathaway e provavelmente de um ou outro prêmio técnico…Mas se os citados prêmios fossem dados, de modo algum haveria qualquer injustiça.  9,0