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O DUBLÊ DO DIABO

Este filme americano de 2011 é baseado em obra literária e consegue ao longo de sua exibição fazer um retrato supostamente histórico-biográfico do psicopata que Uday Hussein, filho mais velho do ditador Saddam Hussein  -que aparece no filme, com um supremo poder evidente, mas até comportado (e com um dublê), exceto por uma cena específica, em que revela todo o seu lado selvagem-, além de deixar o espectador bastante impactado em vários momentos. Muitos já ouviram falar que grandes homens da história, sejam reis, sejam tiranos, contratavam e contratam dublês, a fim de se protegerem de eventuais ataques/atentados. É o caso de Uday, monstro sem quaisquer resquícios de moral ou humanidade, viciado em cocaína, alcoólatra, estuprador, inconsequente e que impôs, abaixo de seu pai mas com poderes (e opulenta riqueza), muitos horrores aos seus chamados “súditos”, ou a quem tinha a infelicidades de se colocar sob sua mira e/ou interesse. O filme é intenso e eletrizante, ao mostrar as loucuras e insanidades do primogênito de Saddam, mas também um quadro político do Irã no início dos anos 90 e as ações concentradas em Uday e no seu dublê, Latif, imposto para substitui-lo quando conveniente  -com requintes de procedimentos estéticos para igualar ambos, já parecidos por natureza. Justamente pelo fato de Latif ter escrúpulos, formação e regras éticas, os conflitos serão inevitáveis e irão acontecer sem concessões à violência de todas as forma. O ator britânico Dominic Cooper (Mamma mia) interpreta magnificamente os dois papéis, contribuindo, junto com o diretor neozelandês Lee Tamahori (007 – Um novo dia para morrer), para um clima de realismo e que vai chocar e emocionar durante todo o filme, em vários momentos em alta intensidade. Na verdade, um dos filmes mais violentos e impactantes dos tempos atuais do cinema. Ludivine Sagnier (Lupin) empresta ao filme sua beleza e talento, porém alguns momentos com ela, na parte final, causam um curto empobrecimento na ação, embora seja algo efetivamente rápido e de forma alguma comprometa o contexto e o resultado, que é esplêndido em termos de cinema de ação e também sob o ponto de vista histórico: na parte dos créditos finais, ganhamos alguns esclarecimentos para nos situarmos melhor dentro do painel de realidade da história e se realmente presenciamos fatos reais, são eles de uma barbárie tal, que se tornam quase inacreditáveis diante de um ponto de vista da civilização.  9,2