O DIABO É A MULHER (THE DEVIL AND MISS JONES)
Houve um tempo, em Hollywood, em que dezenas de filmes foram produzidos exaltando o “mundo ideal”. As maravilhas do american way of life. Onde impera a fraternidade, onde a justiça acaba prevalecendo sobre os descaminhos, onde é possível ser feliz e encontrar o respeito, o amor, a tolerância, a generosidade. Frank Capra é um exemplo perfeito nos diversos filmes que fez nas décadas de 30 e 40, encontrando seu auge com A felicidade não se compra, com James Stewart – aliás, este lembra perfeitamente os filmes de Capra. Esses filmes foram feitos inclusive na época da II Guerra, quando por razões óbvias era conveniente e produtivo exaltar o patriotismo e os demais valores humanos desejáveis. No caso, trata-se de uma comédia de 1941, muito agradável, adorável até, de ótima dinâmica, dirigida por Sam Wood (Adeus Mr. Chips, Por quem os sinos dobram, Uma noite na Ópera…) e estrelada por Jean Arthur (Do mundo nada se leva, A mulher faz o homem, Os brutos também amam…), Robert Cummings (Em cada coração um pecado, Disque M para matar…) e Charles Coburn (Original pecado, As noites de Eva, Os homens preferem as loiras…). É uma comédia com importante fundo político (questões capital-trabalho e que seriam futuramente sindicais), sendo que o roteiro e Coburn foram indicados ao Oscar (Melhor Ator Coadjuvante). Ainda hoje é algo delicioso de se ver, sendo um filme que, mesmo tendo momentos que podem ser tidos como “datados” ou mesmo de “pastelão”, certamente faz referência a assuntos sociais relevantes e que, sobretudo, faz muito bem para o coração. 8,4