O BATISMO
Cinema da Polônia e de qualidade (2010). Envolve o mundo do crime, mas seu olhar principal é o da vida das pessoas comuns e da tentativa de fuga daquele mundo. O tema do homem que tenta deixar a criminalidade para trás e viver uma vida normal – mas que é assombrado pelo passado ou pelo presente (no caso, a máfia polonesa) – é recorrente. Mas aqui tem um tratamento qualificado, pela direção, roteiro e elenco. Um filme com limitado número de personagens e que orbita em torno da amizade, da família e do dilema dos dois amigos – os quais inclusive têm uma relação cercada de mistério e inquietação, de reticências perigosas -, com um andamento lento, mas que agrada porque esse ritmo é proposital. Justamente porque a partir de certo ponto é acrescido o elemento “tensão”, que vai gerar angústia e fazer como que a cada cena seja acentuada a expectativa da violência (presente em alguns momentos – incômodos – do filme e iminente na sua parte final). Mérito em muito do diretor, havendo também riqueza na ambiguidade dos personagens e na indefinição do gênero, o que também contribui para aumentar a surpresa e a imprevisibilidade do – discutível e talvez moral (?)- desfecho. 8,5