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HIGH LIFE

Primeiramente desejo esclarecer que minhas notas neste blog são resultado meramente do fato de eu gostar ou não dos filmes, dos sentimentos que me proporcionaram. Assim, um filme pode ser grandioso, famoso, muito bem feito mas se não me provocar emoções ou interesse maior sua nota será baixa ou nem figurará no blog. Obviamente tudo isso também depende do dia e das condições em que os filmes são vistos, o que acontece com todo mundo, pois o humor do espectador e as condições técnicas e específicas (silêncio, concentração…) influem na visão de um filme: o mesmo filme visto em dias e situações diferentes provavelmente vai ter apreciações diversas por parte da mesma pessoa. Dito isso, este filme não me agradou plenamente, pois eu achei o longo e enfadonho demais em seu início e não me causou grandes emoções, exceto intelectuais. E por esse motivo é que está aqui: porque mesmo eu não gostando muito, reconheço que se trata de uma obra de valor, inteligente, repleta de significados (inclusive filosóficos) -se começarmos a pensar nos detalhes após o filme, poderemos encontrar muitas conexões e intenções-, com um elenco excelente etc. Em suma, é um trabalho de respeito e que dá uma visão inovadora à ficção científica espacial (ou seja: filmes que se passam no espaço). Mas não há dúvidas de que é um filme dos chamados de arte e por esse motivo algumas pessoas vão detestá-lo, já que é efetivamente lento, esquisito, com tons pessimistas e até mesmo deprimentes…Alguns chamam isso de “filme para críticos”. Mas em termos de “obra cinematográfica” merece consideração, a começar pela direção de Claire Denis, passando pelas interpretações principalmente de Robert Pattinson (ótimo ator coringa) e Juliette Binoche, pelo roteiro não-convencional e a forma de mostrar os fatos (um clima oprimido e misterioso, com suspense o tempo todo) e pela mensagem que traz, em diversos sentidos. O filme tem momentos dramáticos, de muita violência, sendo realmente bem fortes algumas cenas e se passa inteiramente dentro de uma nave espacial, cuja missão está relacionada com os denominados “buracos negros” e as fontes de energia que ali são produzidas, mas com uma tripulação cumprindo uma espécie de pena criminal, isso tendo em comum. Assim, veremos uma convivência forçada, uma jornada sem muitas perspectivas e muito de desalento e de solidão: os dramas existenciais surgirão, embora em meio a tudo haja luzes de esperança, com o trabalho da cientista interpretada por Binoche e destinado a gerar novas vidas. A trilha sonora potencializa tudo isso, com seus toques exóticos e místicos permanentes. Caso se ouça apenas a bela (e também estranha) música final, já se terá uma ideia de como o filme é em seu todo. Vale a pena, depois de ver o filme, procurar comentários a seu respeito, inclusive explicações sobre o significado das coisas e de muitos detalhes que, imperceptivelmente, possuem uma razão de ser dentro do apenas aparentemente simples enredo. 7,7