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GIANT (ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE)

Um filme de longa-metragem, produzido em 1956, dirigido por George Stevens (Um lugar ao sol, Os brutos também amam…) e estrelado por Rock Hudson e Elizabeth Taylor (grandes amigos na vida real). Ele, galã na época (31 anos) e intérprete, entre outros, de vários faroestes e de Sublime Obsessão e Tudo que o céu permite; ela, uma beleza indiscutível já aos 24 anos, com seus famosos olhos violetas e já tendo atuado em Um lugar ao sol, mas antes de participar de sucessos que a consagrariam como a grande atriz que foi, como Cleópatra, Quem tem medo de Virgínia Woolf?, Gata em teto de zinco quente, Disque Butterfield 8, A megera domada…Também trabalham no filme, ainda bem jovens, Denis Hooper, Rod Taylor, Sal Mineo e Carrol Baker. E se destacam também as interpretações de Mercedes McCambridge (irmã do poderoso Bick Benedict) e de Chill Wills (como o tio Bawley). Deixei por último James Dean, porque apesar de ter sido elevado a ícone por Hollywood (já que morreu jovem e tragicamente com apenas 3 filmes feitos e uma imagem de rebelde que deixou gravada), era um ator que efetivamente nunca me convenceu, exceto em um ou outro momento cênico: fez nos únicos três filmes de que participou exatamente o mesmo tipo esquisito e irritante e só para fins chamativos (e não por razões do contexto dramático), sendo um tipo de ator que ao invés de crescer diante das câmeras, simplesmente encolhe e desaparece. De todo modo, a mídia, que transforma água em petróleo, petrificou o mito e ele inclusive foi indicado, junto com Rock Hudson, para o Oscar de Melhor ator no ano de 1957 (por este filme, obviamente), sendo a sua segunda indicação póstuma, único ator a ter essa honra (na verdade, as filmagens ocorreram em 1955 e o filme foi lançado no ano seguinte, portanto após a morte de Dean, que ocorreu no final de 1955). A esse respeito, este filme teve 10 indicações ao Oscar, sendo que além das duas citadas (de ator e que não ganharam), também as para Melhor filme, diretor (único que ganhou), atriz coadjuvante (Mercedes McCambridge), roteiro adaptado, montagem, trilha sonora, direção de arte em cores e figurino. É um filme com muitas virtudes e alguns defeitos, em suas mais de 3 horas de duração. Às vezes demonstra as dificuldades naturais de se adaptar uma obra literária, no sentido de serem dramatizados os temas principais e sem uma ruptura entre os fatos e épocas. Justamente aí residem alguns aspectos negativos do filme: a passagem do tempo, de uma época para a outra, sendo curioso que o filme tenha sido indicado ao Oscar de montagem, justamente uma de suas maiores falhas. Além disso, há algumas cenas mal ou não resolvidas e que necessitariam de uma maior lapidação. Em resumo, o filme poderia ter sido muito melhor do que é, se mais bem editado e talvez até dirigido, embora o Oscar para Stevens. Mas como é um filme grandioso, com belas imagens e mensagens, deixa em segundo plano suas poucas imperfeições, embora claramente prejudiquem o todo harmônico. Há instantes em que o filme fica até meio enfadonho em razão do que foi acima exposto. Mas as qualidades são muito e preponderam, enfocando com ênfase o caráter e o orgulho/os costumes dos texanos (uma espécie de gaúchos americanos…), inclusive o machismo e contando uma saga épica de várias gerações, ao mesmo tempo que a mudança dos conceitos e hábitos, com a vinda da busca desenfreada pelo petróleo (deixando pobres ricos da noite para o dia), em troca das antigas criações de animais. Dentro do tema e mostrando a grandiosidade e também as virtudes dos texanos e as transformações pelo progresso e pelo tempo, o filme também alfineta o preconceito social e racial, sendo poderoso em sua cena final justamente nesse aspecto, mostrando um paralelo humano inesquecível como fecho de sua mensagem. A parte final do filme é excelente, concentrando-se na ascensão, riqueza e poder, mas basicamente na rivalidade entre dois homens e suas consequências, escancarando também um segredo que se escondia sob as aparências. Um filme do tipo que não se faz mais, que ficou de certa forma como um clássico, mas que poderia ter sido uma obra-prima. 8,8