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A CONDESSA DESCALÇA (THE BAREFOOT CONTESSA)

Discordo de qualquer crítica que não coloque este filme de 1954 em um nível muito elevado ou abaixo de “ótimo”. Eu o considero excelente e um dos melhores produzidos não só naqueles famosos anos 40/50, como em toda a história do cinema. O filme é deslumbrante, em cenários, cores e figurino (as roupas da protagonista são maravilhosas, em especial a da noite do casamento, difícil de descrever em termos de beleza, considerado no conjunto com a também bela atriz). Basta ver alguns filmes de Ava Gardner, para se concluir que foi uma das grandes intérpretes do cinema e Humphrey Bogart dispensa comentários, pois foi realmente uma lenda. Ambos estão esplêndidos e um dos pontos mais fortes do filme são os diálogos, inteligentes, oportunos, em alguns momentos rápidos e cheios de picardia (bem ao estilo Bogart), mas sempre inteligentes, não raro brilhantes. Há uma cena especialmente marcante, em que os sentimentos ficam ocultos pelas palavras, embora latentes, que é a da conversa entre Harry e Maria na saída dele da festa de casamento. A história é muito interessante, com flashbacks perfeitos, iniciando em um enterro, mas não revelando a causa da morte, que só saberemos no final do filme, quando outra inesperada surpresa também será revelada. Uma belíssima história, um roteiro que merecia o Oscar, embora tenha sido indicado (perdeu para o de Sindicato de ladrões). A outra indicação do filme e na qual ganhou foi para Melhor ator coadjuvante, sendo reconhecido o ótimo trabalho de Edmond O´Brien. Quanto a Bogart, poderia muito bem ter sido indicado ao Oscar por este filme, mas no mesmo ano trabalhou em A nave da revolta (The Caine mutiny) e por ele foi indicado: mas ganhou Marlon Brando, também por Sindicato de ladrões. O filme é em boa parte narrado, mas de forma original tem três narradores, em momentos diversos. Filmado grande parte na Itália, também nele atua e muito bem Rossano Brazzi, famoso ator, roteirista, produtor e diretor italiano. O diretor é Joseph Mankiewicz (Quem é o infiel?, A malvada, Júlio César, De repente no último verão, Cleópatra etc).  9,5