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DIZEM QUE É PECADO (PEOPLE WILL TALK)

Um filme americano de 1951 que acabou no canto dos filmes “menores” ou esquecidos. Uma grande injustiça. Este é um filme leve, com tom de humor ou comédia, mas que trata de assuntos sérios, alguns com bastante coragem considerando a vigência na época do famoso Código Hays (de moralidade da sétima arte), utilizando da sagacidade e da sutileza para criticar o macartismo, o totalitarismo educacional, a própria sociedade conservadora, enfim… O texto é saborosíssimo e repleto de picardia e críticas sociais, a começar pelos métodos utilizados pela medicina do Dr. Noah Praetorius, interpretado por um Cary Grant maravilhoso. Aliás, foi ele um dos mais elegantes e carismáticos galãs americanos (embora nascido na Inglaterra), tendo atuado em dezenas e dezenas de filmes – Ladrão de casaca, Charada, Intriga internacional, Tarde demais para esquecer, Este mundo é um hospício, Núpcias de escândalo – e sua presença faz a diferença em todos os filmes de que participa. Aqui, ele faz brilhantemente um médico polêmico e filosófico, que humaniza o tratamento de seus pacientes (inclusive com a música) e com isso acaba provocando algumas importantes consequências, inclusive discórdias. Ao lado de Grant, também brilha a ótima atriz Jeanne Crain (com uma beleza peculiar e evidente, muito longe da vulgaridade), os coadjuvantes são todos ótimos (no final a revelação do segredo de Shunderson) e a magnífica direção é do culto e prolífico diretor Joseph Mankiewicz, que aqui também assina o roteiro, original e muito inteligente e que nos fascina durante toda a história com seus interessantes e preciosos diálogos. Esse diretor, muito talentoso e “driblador” da censura, deu ao cinema inúmeras pérolas, com destaque para A condessa descalça, A malvada, Cleópatra, Júlio César, Quem é o infiel?, Núpcias de escândalo. E aqui não é diferente, sendo que este filme talvez tenha passado despercebido porque foi aquele o ano da produção do grande A malvada, porém é uma pequena joia e que merece ser degustada. 9,3