Produção Netflix, um filme policial de primeira linha. Mas talvez não para os que gostam de filmes policias de ação, recheados de tiros, de perseguições, com efeitos especiais. Este é um filme mais intimista, de desenvolvimento, investigativo, porém muito bem feito e com uma trilha sonora que valoriza cada instante e instala um clima de tensão do começo ao fim da história, quando o filme “explode” nos seus derradeiros 20 minutos. Elogiável também a construção de personagens, principalmente do interpretado magnificamente pelo ator Benício Del Toro, dono de um carisma inquestionável. E que por esse motivo é alvo de muitos closes ao longo de todo o enredo, entregando expressões que inclusive trazem mais sabor e mistério à trama que, por sinal, deixa o espectador tanto grudado na tela, quanto estimulado e curioso para tentar antecipar como os fatos se encaminharão: e faltando 20 minutos para o final do filme ainda se está praticamente sem um chão firme sobre a verdadeira face do assassino. Esse mistério bem arquitetado é um grande mérito e a harmonia entre direção (Grant Singer), roteiro, edição e elenco constroem um filme diferenciado dentro do gênero e como obra cinematográfica de expressiva qualidade, apesar de uma ou outra delonga (principalmente na tentativa de “distrair” o público) e de alguns detalhes sem grande criatividade em sua parte final. Mas a atmosfera do filme é realmente muito bem elaborada e com Benício no front é o chamado filmaço. Também atuam Justin Timberlake (de Palmer). Eric Bogosian (de Sucessão) e Alícia Silverstone (de As patricinhas de Beverly Hills). O filme estreou com elogios no Festival de Toronto. 9,0