Filme de ficção científica escrito e dirigido por Alex Garland, concentrado basicamente nos três personagens, interpretados pela excelente Alícia Vikander, por Domhnall Gleeson e Oscar Isaac, igualmente com belas atuações. É um filme inteligente e criativo, aparentemente simples, embora quando necessário apresente ótimos e até chocantes efeitos especiais (ganhou o Oscar em 2016 de Melhores efeitos visuais). A trilha sonora é impactante (meio claustrofóbica) e adequada, porém o trunfo do filme é seu roteiro (também indicado ao Oscar), que aos 5min já envolveu e intrigou o espectador, que passa a acompanhar com muito interesse os acontecimentos, centrados em torno do tema “inteligência artificial” (o filme é de 2015, mas já anuncia conceitos que hoje em dia estão sendo estudados e debatidos), sem ter qualquer certeza quanto ao desenlace dos fatos. Participamos então de um jogo misterioso e fascinante, que já começa nas primeiras cenas ao vermos Ava e seu impressionante traje, com total deslumbramento. Aliás, justamente envolvendo trajes haverá uma cena muito especial e significativa do filme (cena belíssima na verdade!), protagonizada por Ava. A partir dali começa uma espécie de jogo, como o de xadrez, do qual passa também a participar o espectador, já refém da história. É um filme original, muito bem elaborado e que merece ser descoberto, porque na verdade é uma pequena – no sentido de modesta produção – maravilha. E que nos faz refletir a partir das indagações que lança claramente e também nas reticências. Um diálogo do personagem de Isaac em certo momento em que conversa com o personagem de Gleeson: “Um dia as IAs vão nos olhar da mesma forma que olhamos para fósseis nas planícies da África. Um primata ereto, vivendo no pó com linguagem e ferramentas primitivas. Tudo pronto para a extinção.” Um filme que talvez vá agradar mais públicos especiais, mas que merece ser visto como uma das importantes produções cinematográficas que tratam desse tema, hoje essencial. 9,0
