VOLÚPIA DE MATAR (THE SNIPER)
Este thriller noir de 1952 não enfoca apenas um atirador psicopata, mas provoca reflexões e aborda temas tabus da época, na medida em que discute o tratamento diferenciado para criminosos que tenham alguma doença mental, em face de outros comuns, inclusive para evitar que mais tarde possam provocar danos maiores à sociedade. A proposta é de que criminosos perturbados psicologicamente tenham tratamento médico especializado além da repressão pura e simples da polícia, sendo também defendida a necessidade de medidas preventivas contra tais doenças, para diminuir potencialmente o número desses criminosos e também dos crimes. Nesse sentido, o filme funciona como uma crítica ao sistema da época, que dava as costas para tais entendimentos e inclusive mostra a indignação de políticos e de parte da polícia com a defesa de tais medidas inovadoras (e realmente inéditas para a época). Quanto ao desenvolvimento, é um filme interessante e não muito mais que isso, sendo interpretado por Arthur Franz (A nave da revolta) e Adolphe Menjou (no personagem do tenente de sugestivo nome!) e dirigido por Edward Dmytryk, em seu primeiro trabalho após o período de “geladeira” que lhe foi imposto nos EUA: o Marcartismo o impediu de trabalhar por ter tendências esquerdistas e como castigo foi obrigado a dirigir Menjou, delator de comunistas e cujo personagem foi sarcasticamente batizado de Kafka. Produzido por Stanley Kramer, foi indicado ao Oscar de Melhor história original. 8,0