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A COVA DA SERPENTE (THE SNAKE PIT)

O filme deve ter causado um grande impacto na época, porque foi um dos primeiros a abordar o assunto: a desordem mental e o tratamento em instituto dito especializado, com todos os pormenores e decorrências: boas e não tão boas enfermeiras, médicos mais dedicados ou menos,  pacientes mais doentes ou menos. Mesmo nos dias de hoje o filme causa um certo impacto, inclusive porque tem algumas ótimas cenas que simbolizam perfeitamente a confusão da mente da protagonista (que inclusive se expressa também in off), sendo que em uma delas , após sinistras sombras na parede, a câmera faz uma panorâmica e vemos então uma cena ao mesmo tempo assombrosa e magnífica, que justifica o título do filme. Hoje ainda nos choca o método dos eletrochoques e o filme aborda ainda, de passagem, um tema político e atual, que é o da superlotação das instituições (e com isso o grande risco de alta de pacientes ainda não totalmente preparados para retornar à vida normal). Um filme sério, muito bem produzido e dirigido, com vários conceitos de psicanálise e um ótimo espírito crítico e que concorreu a seis Oscars em 1949: Melhor Filme, Diretor, Roteiro, Atriz, Trilha sonora e Som, ganhando este último. A atriz Olivia de Havilland, entretanto, apresenta uma performance tão espetacular, que, embora reconhecendo a inesquecível atuação que deu o Oscar a Jane Wyman em Belinda, o mais justo seria terem ambas terminado empatadas, tal a maravilhosa atuação de Olivia, que apresenta com perfeição todas as nuances entre a loucura e a sanidade, que ao longo do filme variam e se intensificam de forma súbita e às vezes intensa. O elenco é todo excelente e o ator Leo Genn faz um papel muito importante, como símbolo da inteligência e da humanidade a serviço da ciência, no tratamento das doenças mentais. O ótimo diretor ucraniano Anatole Litvak é o mesmo que dirigiu Uma vida por um fio (Sorry, wrong number), com Bárbara Stanwyck, que também concorreu ao Oscar de melhor atriz no mesmo ano (de repente um triplo empate…).  8,7