SEMENTES DA VIOLÊNCIA
Produzido em 1967, o filme Ao mestre com carinho fez um grande sucesso. Seu tema era forte: um professor negro tentando humanizar (e ensinar) uma turma de estudantes rebeldes, alguns deles verdadeiros delinquentes. O ator, o excelente Sidney Poitier, na época com 40 anos e além dele o filme acabou apresentando um elemento extraordinário: a música To sir with love, cantada – e que acabou sendo eternizada – por Lulu. “Sementes da violência”, no original “Blackboard jungle”, já em 1955 soava como um precursor do filme de 1967, embora menos “romantizado” talvez. E o mais interessante é que neste filme o mesmo Sidney Poitier é um dos estudantes tidos como indomáveis. Ou seja, foi estudante no primeiro filme e o professor no de 67. Outro estudante e um dos líderes da turma é interpretado por Vic Morrow (na época com 26 anos e que ganhou a disputa do papel com Steve McQueen) e a esposa do professor pela atriz Anne Francis (que os que viram Planeta proibido, de 1956, não esquecem). O diretor – e roteirista – é Richard Brooks (Os assassinos, Os irmãos Karamazov, Doce pássaro da juventude, A última vez que vi Paris, Gata em teto de zinco quente) e o professor, Glenn Ford, um dos mais produtivos atores de Hollywood (mais de 200 filmes) e que na época tinha 39 anos, apresentando aqui uma ótima atuação, ao compor um personagem que necessita combinar destemor, sensatez, persistência, resilência, entre outras qualidades necessárias para enfrentar os problemas que surgem. Foi um dos primeiros filmes a utilizar rock em sua trilha sonora, no caso Rock around the clock (Bill Haley e seus cometas) e, apesar da época distante, ainda causa algum impacto e mantém o interesse, mostrando algumas qualidades que não foram superadas pelo remake, inclusive no aspecto da crítica social, que envolve tanto as questões de origem, quanto as das consequências, com o próprio comportamento dos jovens. Teve quatro indicações ao Oscar: Roteiro original, Edição, Direção de arte e fotografia (em p&b). 8,5