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PULP FICTION: TEMPO DE VIOLÊNCIA

Este é um dos ícones dos filmes cults e de fato existem muitas coisas para se falar sobre ele e provavelmente algumas ficam despercebidas e só vão sendo detectadas aos poucos, caso se assista a ele mais uma vez ou haja uma boa reflexão. Tal a riqueza do universo cinematográfico – inclusive de referências – do diretor Quentin Tarantino. Estamos diante de um roteiro brilhante e de um elenco estelar, cujos salários foram baixíssimos em razão do reduzido orçamento desta produção independente (menos de 9 milhões de dólares, faturando 20 vezes mais): além do próprio Tarantino (que faz um pequeno papel), atuam no filme John Travolta, Uma Thurman, Samuel L. Jackson, Bruce Willis, Tim Roth, Rosanna Arquette, Eric Stoltz, Christopher Walken, Harvey Keitel, Maria de Medeiros, Steve Buscemi, Ving Thames, Amanda Plummer. A atuação de todo o elenco é maravilhosa, mas se destaca Samuel L. Jackson, talvez no melhor papel de sua carreira e que lhe valeu diversos prêmios. John Travolta, igualmente brilhante, foi também premiado em inúmeros festivais. O filme, de 1994, é extremamente prazeroso de ser assistido, pelo inesperado, pelas alternâncias de “humor”, pelo imprevisível, pela criatividade, por estimular nossa inteligência e sensibilidade artística e está entre as grandes obras desse inteligente e exótico cineasta, que foi ovacionado e alvo de repetidos prêmios pelo filme, embora tenha ganho apenas um Oscar: o de de Melhor roteiro original, embora concorrendo a 7 estatuetas. A fotografia acompanha o alto nível dos demais elementos do filme, incluindo a trilha sonora, que nos oferece vários belos momentos e no final, em especial, um extremamente saboroso. Há momentos antológicos no filme, como os do inusitado personagem desempenhado pelo grande ator Harvey Keitel, os das ações da dupla Jackson-Travolta, o da dança do twist com a talentosa e sensual Uma Thurman, aqueles em que Vince vai ao banheiro (e que sempre estão vinculados a um acontecendo inesperado), a cena pesada envolvendo o chefão dentro da loja, além de diálogos afiados e alguns totalmente fora do senso comum, inclusive de humor negro (a cena de Bruce Willys, quando menino, recebendo a visita do oficial do exército, é tragi-cômica). São na verdade três histórias contadas com muita competência e picardia que acabam se comunicando, na Los Angeles da década de 1990, alternando sua ordem cronológica e brincando com referências várias. O local onde se passa a cena final também é mais uma surpresa da invenção criativa do diretor e o filme despertou inúmeras polêmicas, alastradas pela internet, inclusive uma que perdura até os dias de hoje e que se relaciona com a pergunta: o que havia dentro da maleta? 10,0