NUNCA TE AMEI (THE BROWNING VERSION)

Apesar do título ridículo e sensacionalista em português, trata-se de um drama sério, envolvendo um tradicional colégio inglês, seus alunos e professores. Especialmente dois deles que estão “se aposentando”: o jovem e estimado professor atleta, ídolo de criquet e o antigo e temido professor de latim, conhecido como uma espécie de Hitler pelos estudantes. A escola é daquelas tradicionais inglesas e o mestre mais velho – muito bem interpretado por Albert Finney – não menos austero, tendo ali permanecido e se dedicado ao longo de 20 anos, os quais ao que parece não serão reconhecidos, quer pelo corpo docente, quer pelo discente.  Os fatos envolvendo a “aposentadoria” desse professor das antigas são tratados junto com dois temas paralelos: o do relacionamento dele com a esposa, interpretada pela bela e também muito boa atriz Greta Scacchi e o dos significados/sentimentos. O que para ele significou o tempo de dedicação sem retorno, o que significou para ele ensinar uma matéria que considera indispensável para a vida mas que está ficando ultrapassada, o que significa para ele saber como os alunos o veem, o significado de seu casamento…O especial significado de um livro traduzido por Browning é que dá nome ao filme, em que também atuam Matthew Modine e Julian Sands. O diretor é Mike Figgis, que faria no ano seguinte Despedida em Las Vegas e alguns anos mais tarde Justiça Cega e Timecode. O filme, de 1994, traz questões importantes e interessantes, porém muitas delas foram muito mal desenvolvidas, havendo várias lacunas que deixam o filme “manco” e com aquele gosto de “que pena”, porque aqui se perdeu a oportunidade de se fazer um filme que poderia ser  até mesmo marcante na história do cinema. O adultério está mal desenvolvido, a estima entre os professores (o antigo e o novo) idem, da mesma forma o relacionamento do professor com o aluno, com a esposa, o bullyng que o filme mostra e simplesmente esquece de um minuto para o outro, a esposa meramente decorativa do professor Frank, o diretor do colégio sem qualquer comando plausível. E também não é crível que o professor mais novo não tenha sabido da inversão da ordem dos discursos, entre outros pequenos fatos que não “fecham”.  Em suma, um bom filme, com bela fotografia e uma bela história que poderia ser muito mais bem aproveitada, se tivesse um roteiro à altura de seus intérpretes.  8,0