PIECES OF A WOMAN

Este é um drama Netflix que não tem absolutamente nada de divertido. É um filme com temática forte, baseado em fatos reais, e seu desenrolar com muitos momentos dolorosos. Algo que vai emocionar as pessoas sensíveis. Aliás, as que não são sensíveis provavelmente não irão até o final do filme. É uma história que dilacera, expõe cicatrizes, o vazio existencial e coloca severas dúvidas sobre se haverá um fio de esperança, para o resgate das perdas e tragédias. O que será resolvido por belos e simbólicos instantes, o último fechando com beleza o filme. Sem obviamente desmerecer o roteiro, existem três pilares que sustentam o filme e o fazem muito interessante e simplesmente cinema de qualidade: a direção do húngaro Kornél Mundrukzó (firme e repleta de sensibilidade, talvez até com toques do produtor executivo Martin Scorsese…?), a trilha sonora extraordinária (presente durante o filme todo, com maravilhosos momentos de piano e cordas e detalhes também de metais) e a magnífica interpretação de Vanessa Kirby, que não fará surpresa alguma se ganhar o Oscar e muitos outros prêmios. Ela consegue nos fazer reféns do filme e passa com perfeição todas as nuances e sentimentos de um caminho nada fácil que a aprisiona. A veterana Ellen Burstyn também é excelente e também não surpreenderá ganhar um Oscar de coadjuvante, havendo inclusive um diálogo memorável entre as duas, impregnado de dramática intensidade. Também atuam no filme, de mais conhecidos, Molly Parker, Shia LaBeouf e Sarah Snook (a Siobhan Roy da série Sucessão). Alguns detalhes do roteiro são realmente muito significativos e inteligentes, como as fotos (belos os momentos do tribunal, diga-se), as sementes e a fruta e a árvore ao final. Em resumo, um filme profundo, difícil, mas com indiscutível mérito artístico, ao contar uma história profundamente humana (e real) com delicadeza e maestria. Impressiona inclusive a diversidade de opiniões sobre o filme, que o conceituam de modo bastante variado, indo de 1 até 5 estrelas.  8,7