O ÍDOLO DO PÚBLICO (GENTLEMAN JIM)

Um filme de 1942, muito bem dirigido por Raoul Walsh (O ladrão de Bagdá, O intrépido general Custer, Seu último refúgio), delicioso de se assistir, com ótimo ritmo e um elenco afinado, capitaneado pelo galã da época Errol Flynn (O capitão Blood – e a partir dali mais 7 filmes com Olívia de Havilland-, A carga da brigada ligeira, As aventuras de Robin Hood, O gavião do mar, O intrépido general Custer, entre muitos outros). A “mocinha”, que não é exatamente isso porque o romance paira no ar, mas não é um filme romântico, é Alexis Smith, atriz canadense (O moça da Filadélfia). Flynn, neste filme com 33 anos e sem o bigodinho que o caracterizou (apesar de estar com, na maioria dos cartazes do filme) era na verdade australiano e justamente nesse ano se naturalizou americano. O ator na vida real era boêmio, polêmico, teve muitas aventuras e morreu aos 50 anos, de ataque cardíaco e problemas com alcoolismo, deixando sua marca e cerca de meia centena de filmes de vários estilos, embora tenha ficado famoso pelo gênero “capa e espada”. Este filme tem como tema central o boxe e em torno deles questões sociais, mostrando São Francisco no final do século 19 e um tempo em que era luta de rua e cercado de apostas, por esse motivo proibido pela polícia e alvo de constantes “batidas”. Vemos a divisão de classes, o desejo de ascensão social, mas também o surgimento das primeiras regras civilizadas para esse esporte, quando passou a se tornar oficial o tempo de 3min para cada assalto, com descanso de 1min e a contagem ate 10 para se declarar o nocaute. A família do protagonista é muito divertida, muito “festeira” e até mesmo fornece um divertido “mote”, repetido inclusive na parte final. Muita agilidade de ação, ótimas coreografias nas lutas (com exceção de uma das primeiras) e enaltecido o lado positivo do boxe: na verdade trata-se de uma biografia do famoso boxeador Jim Corbett, nos primeiros tempos desse esporte. O único ponto de desacerto para mim, apesar da boa cena de um amigo defendendo o outro por princípios, é o personagem Lowrie, totalmente dispensável e interpretado de modo forçado e caricato, tornando-se desarmônico com os demais. De resto, uma ótima diversão e uma frase dita por Victoria define bem a trajetória e a personalidade de Corbett: “ se ele continuar assim, em uma semana será o dono do clube”. 8,7