O COMBOIO DO MEDO (SORCERER)

Um thriller de aventuras, produzido em 1977 e dirigido pelo excelente William Friedkin (Operação França, O exorcista), que nunca admitiu ter feito um mero “remake” (inclusive do filme de 1953, “O salário do medo”), afirmando categoricamente que se tratou de uma nova adaptação da obra literária. Este filme é praticamente dividido em duas partes: na primeira, somos apresentados a diferentes personagens e ao contexto da vida que levam, em locais também diferenciados. Na segunda, o destino desses personagens segue um rumo inesperado, graças a um evento específico que constitui uma belíssima cena em um país da América Central e que detona os acontecimentos seguintes (o filme foi feito na República Dominicana, mas outros países são citados). A segunda metade do filme é a que guarda os momentos mais emocionantes, inclusive com uma longa cena e que certamente integra uma das mais icônicas do cinema de todos os tempos: pela dificuldade de sua elaboração e por tudo o que dela emerge, em termos de tensão, medo, suspense, angústia…e a trilha sonora e o som magistrais (Tangerine Dreams) deixam tudo superlativo e o perigo à flor da pele. Nessa segunda metade, os próprios cenários da selva inóspita exalam perigo, riscos selvagens e traiçoeiros, com adrenalina permanente. Somos conduzidos para dentro da floresta e dos dramas de pessoas integradas em uma missão da qual elas mesmas não sabem se conseguirão sair com vida. Os quatro principais protagonistas do filme são muito bem interpretados por Roy Scheider de Tubarão, Bruno Cremer, Francisco Rabal e Amidou. Um filme incluído por muitos, inclusive Quentin Tarantino, na categoria de “filmaço”, que teve o azar de ser lançado na mesma época que “Star Wars”. Seu maior sucesso, portanto, veio com o tempo, mas há os que o antagonizam, considerando, por exemplo, serem seus personagens mal desenvolvidos e argumentam ainda não haver qualquer explicação plausível para a logística do uso de caminhões ao invés de helicópteros, no que talvez em parte tenham até razão, principalmente nesse último ponto. Porém, diante de todo o contexto, das qualidades da obra e do que permanece para o espectador em termos afetivo-emocionais, são fatos que acabam assumindo uma feição apenas pálida e residual. 9,2