NAS GARRAS DO VÍCIO (LE BEAU SERGE)
Este filme foi produzido em 1958 – ano em que foi cunhada a expressão Nouvelle Vague – e dirigido por um dos nomes que encabeçaram o movimento, participante do grupo que escrevia para a célebre revista Cahiers du Cinéma: Claude Chabrol. E está aqui neste blog justamente pela sua importância histórica. E apenas isso. Porque é um filme que tinha tudo para apresentar uma história consistente, bem construída, interpretada, uma vez que a ideia inicial se mostrou bem interessante, a despeito de não ser exatamente original: alguém que volta para a cidade que deixou há mais de 10 anos e se depara com as mudanças, inclusive em uma grande e antiga amizade que não existe mais e no amigo, agora com graves problemas no lugar pequeno e limitado. Mas não é isso que ocorre. Interpretações fracas, direção com momentos bons e ruins, péssimo desenvolvimento e um protagonista sem qualquer consistência. Leia-se: “ator fraco”. Um filme onde nada acontece, nada se desenvolve a contento ou profundamente, exceto um ou outro detalhe. No final, há algumas imagens poderosas, mas ao longo do filme existe muito pouco a ser comentado e enaltecido, apenas talvez observar o fato de que as atrizes são muito melhores do que os atores. Outro fato negativo é o título em português, que, como sempre, deixou muito a desejar, beirando o ridículo e tirando totalmente a sutileza do título original (aliás, sutileza que o roteiro não teve em dose alguma). De positivo, apenas o que o tempo confirmou, pois a partir dessa obra sofrível ficou absolutamente claro que o renomado Chabrol acabou justificando sua fama com o passar dos anos e evoluiu bastante em sua trajetória, passando a fazer filmes que se tornariam muito melhores – e alguns de grande qualidade – a partir do final da década de 60 (O açougueiro, A mulher infiel, A besta deve morrer, Mulheres diabólicas, Ciúme – inferno do amor possessivo). 7,5