Filme de 1960, dirigido por Jean-Luc Godard, um dos fundadores da Nouvelle Vague e que também foi crítico e escritor: fundou a Gazette du Cinéma e mais tarde também escreveu artigos para a Les cahiers du cinéma. Este é um dos filmes mais famosos da “nouvelle”, porém não se compara em termos de roteiro com outras obras como Os incompreendidos do Truffaut, por exemplo. Se vista a questão sob o foco da importância do filme para a nova tendência e para a própria história do cinema, o filme merece naturalmente ter seu valor reconhecido, apesar de que o rompimento com os padrões reinantes implicavam uma liberdade meio anárquica, que incluía montagens mal feitas, filmagens com o público olhando para os atores enquanto realizavam as cenas e assim por diante. Este filme também tem seu valor por mostrar belíssimas imagens da Paris dos anos 50 e pelo fato de ter revelado para o mundo do cinema o “feio-bonito” Jean-Paul Belmondo, que acabou se tornando, surpreendentemente, um símbolo sexual a partir deste filme; assim como também confirmou o talento e a graça e beleza da atriz Jean Seberg, que três anos antes havia protagonizado Joana D´Arc no filme Santa Joana de Otto Preminger (selecionada para o papel entre milhares de candidatas). Entretanto, se analisado sob o ponto de vista de um cinema bem realizado, uma história interessante ou atraente, o filme é totalmente insatisfatório, vazio, aborrecedor, despido de qualquer conteúdo dramatúrgico apreciável. Uma coleção de imagens que se sucedem sem levar a lugar nenhum e com um final decepcionante como todo o seu desenrolar. Apesar de Patrícia se tornar uma personagem até interessante por conta do charme e também do desempenho de Jean Seberg, o personagem que Belmondo até interpreta bem é simplesmente detestável, um malandro sem caráter, que acende um cigarro no outro e aplica golpe atrás de golpe, tendo apenas a sorte de exercer a tal atração do bandido sobre as mulheres (vide a síndrome de Estocolmo). Em resumo, este filme cujo título ficaria bem melhor se fosse meramente a tradução do original (algo como “Sem fôlego”), só vale pelas referências já citadas, pois assistir a ele é uma experiência bastante enfadonha. 7,5
