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DIVERGENTE

diEste é um filme de ficção e aventura estilo juvenil, mas que deve agradar a todas as idades, dirigido pelo americano Neil Burger (O ilusionista). Acho muito importante o início de um filme, porque dificilmente deixa de definir a qualidade do que veremos a seguir. E este filme já de começo se mostra bem interessante, rapidamente nos sintonizando com todos os fatos importantes de uma Chicago 100 anos após a “destruição” (o filme se passa no futuro), onde existem cinco facções, com o propósito de ser mantida a paz: Erudição (os cultos e inteligentes – erudite), Amizade (os que cuidam da terra, espalham alegria, parceiros – amity), Franqueza (os honestos, íntegros, pregadores da verdade – candor), Audácia (os bravos, defensores da cidade – dauntless) e Abnegação (os dedicados e caridosos – abnegation). Desde cedo o filme já começa a nos envolver, porque tudo é bem feito – o que nem sempre é fácil quando se trata da adaptação de best seller (de Veronica Roth) -, inclusive a ótima trilha sonora. E realmente tem todos os ingredientes para agradar: mistério, suspense, ação, romance, mocinho e mocinha bonitos…Mas merece destaque uma vez mais ( vide crítica de A culpa é das estrelas) a atuação de Shailene Woodley: é de fato uma das grandes revelações dramáticas dos últimos anos e uma jovem que vai dar ainda muito o que falar. Não é por acaso que ganhou os prêmios de Melhor atriz de filme de ação (por este filme) e ainda de Melhor atriz de filme drama (A culpa é das estrelas), no Teen Choice Awards 2014. O galã, o britânico Theo James, também está ótimo, por sinal na premiação acima ele foi o Melhor ator de filme de ação (por este filme). E temos ainda a presença bonita de Ashley Judd e de Kate Winslet, esta última sempre dispensando comentários (aqui, num papel bem diferente do usual). 8,5

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LUCY

Lucy_(2014_film)_posterEm termos de realização, a melhor e mais divertida concepção de um tema complexo e fascinante de ficção científica das últimas décadas. Com uma trilha sonora eletrizante, como o próprio ritmo do filme, achei-o simplesmente genial. Luc Besson (Nikita, O profissional, O quinto elemento, 13º Distrito, Busca implacável 1 e 2) soa, com maturidade, como um Tarantino com diferentes armas, mas com igual domínio de sua obra, mais do que valorizada pela perfeita e deliciosa atuação da singular e talentosa Scarlett Johansson e pelo carisma e a profundidade dramática do sempre ótimo Morgan Freeman. O filme nos conduz por caminhos tão espetaculares, quanto inesperados, e nos faz viajar por rumos que ao mesmo tempo nos emocionam e nos deixam na expectativa sobre o que virá a seguir, sem, porém, muito tempo para pensar. No fundo, uma grande fantasia, mas extremamente bem vestida. E o fecho – para muitos indefinido (e eis aí o seu mérito, pois não poderia ser de outra forma) -, talvez apresente mais do que uma ousada concepção sobre o avanço da ciência e – para muito além de seus limites – da própria humanidade: talvez o que vemos, no átimo que une à suposta origem da humanidade o seu paradoxal caráter infinito, seja, afinal, o próprio conceito de Deus.  9,5

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NO LIMITE DO AMANHÃ

Edge_of_Tomorrow_PosterFicção científica com ação, estrelada por Tom Cruise e Emily Blunt. Produção americana e co australiana, de 2014. O filme é daqueles com os clichês típicos de Terra (leia-se EUA) x Aliens Invasores, só que neste caso tem alguns aspectos bastante interessantes, bem explorados e que o fazem sair do trivial, com efeitos especiais excelentes e algumas concepções de fantasia realmente muito boas, algumas até espetaculares (os campos e cenas de batalha e os aliens, por exemplo, são fantásticos). De todo modo, uma ótima diversão, ação incessante e um final também empolgante. 7,8

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L´AUTRE VIE DE RICHARD KEMP

richardEmbora existam talvez alguns probleminhas de roteiro ou de edição, achei este filme francês bem interessante. É daqueles dramas policiais que a França costuma produzir, portanto, com aquele estilo de investigação, envolvendo os típicos detetives (com barba por fazer, independentes da chefia etc.) e o suspense em busca da solução para os mistérios e pela captura do serial killer. Um thriller de 2013. Nada parecido com o estilo americano, o que na maior parte das vezes é uma virtude (mas os EUA têm alguns filmes excelentes do gênero). Tem boa e importante dose de romantismo, mas é bom que se diga que exige para seu bom desfrute que a gente faça de conta que certo acontecimento – de ficção científica – é possível e não faça muitas perguntas a respeito, porque a explicação não nos é dada, simplesmente acontecendo o fato. A partir disso, o filme mostra enfoques originais e detalhes que demonstram conexão, com ótimas performances.  8,0

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THE DETAILS

detailsUm filme fascinante, que deve ter passado despercebido nos cinemas. Americano, de 2011, com Tobey Maguire, Elizabeth Banks, Laura Linney e Ray Liotta, entre outros. Esse fascínio vem de seu tom, de comédia de humor negro, mas ao mesmo tempo de fábula, onde não se consegue adivinhar, em meio a guaxinins e vizinhança histérica, qual será o próximo passo, o fato seguinte a causar perplexidade. O próprio protagonista, com seu jeito simplório, cômico e inofensivo, faz com que a gente não leve muito a sério as ocorrências que se sucedem por conta de um roteiro inteligente e imprevisível. E a trilha sonora se mostra essencial para pontuar os diversos momentos, em que os “detalhes” vão aparecendo e se misturando como uma colcha de retalhos, cada vez mais emaranhada e parecendo sem solução. Os americanos são ótimos para dar nome aos filmes, ao contrário dos brasileiros (que parecem sempre pouco inspirados ao traduzirem os títulos). No caso, nem imagino sob que título esse filme seria ou foi trazido para o Brasil. “Os detalhes” é perfeito e permite até mesmo reflexões sérias sobre o destino, sobre o bem e o mal, a sorte e o azar (as fases de nuvens negras…), sobre se todo pecado deve ter sua culpa expiada. Também mostrando a possibilidade de se cometer erros, mas ao mesmo tempo se praticar atos desinteressados, de generosidade e compaixão, mas que ironicamente às vezes podem ser recompensados de uma maneira totalmente inesperada. Já dizia provavelmente Dalai Lama, que O universo é o eco das nossas ações…  8,5

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A VIDA DE DAVID GALE

A Vida de David GaleUma repórter é chamada para fazer uma entrevista inédita de três dias (duas horas em cada dia) com um prisioneiro no corredor da morte, no Texas, um dos Estados americanos que ainda pratica a pena de morte e se orgulha disso, considerando ser um sistema infalível. Detalhe: a repórter foi escolhida pelo próprio preso, que, entretanto, não é uma pessoa comum: trata-se de um homem culto, refinado, um professor de filosofia e ativista contra… justamente a pena de morte. E embora esteja praticamente certa a execução dali a poucos dias, começam a surgir dúvidas na mente da repórter, interpretada por Kate Winslet – ainda noviça, mas já talentosíssima atriz. O presidiário em questão é Kevin Spacey, que também dispensa comentários e o assistente da repórter é o ator Gabriel Mann, que hoje é conhecido por participar da série Revenge. Talvez a melhor atuação, porém, seja de Laura Linney, favorecida pelo papel, mas atuando maravilhosamente. O filme é de 2003 (EUA + Alemanha) e o diretor o renomado Alan Parker (Mississipi em chamas, Coração Satânico, O expresso da meia noite, The Wall…). Maniqueísmos à parte, o quebra-cabeças vai sendo montado aos poucos, com o processo investigativo e flash backs, adicionados com generosas doses de suspense e emoção, que vão se intensificando na medida em que o filme se aproxima do seu eletrizante e surpreendente final, que é realmente espetacular.  9,0

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GETÚLIO

getuklioGetúlio Vargas foi líder civil da Revolução de 1930, figura política de inegável importância histórica para o país (na criação de direitos trabalhistas e da CLT, inclusive) e que protagonizou um fato extraordinário: o de ter governado durante 15 anos (até 1945), os últimos como presidente-ditador, ter saído do governo e depois retornado pelo voto popular. João Jardim dirige este filme estrelado pelos ótimos Tony Ramos, Drica Morais e Alexandre Borges, entre outros. A história enfoca os dias que precederam a morte de Getúlio (isolado no Palácio do Catete, Rio de Janeiro, na época a capital do Brasil), tentando recriar o momento político e esclarecer o quanto possível os fatos e as dúvidas. Os méritos do filme são o clima tenso – graças à edição (ritmo) e à trilha sonora -, com ares de documentário investigativo e  tentar esclarecer algumas lacunas que ainda permanecem hoje, notadamente quanto aos fatos que envolveram o atentado contra o polêmico jornalista (e depois Deputado Federal no governo de Juscelino) Carlos Lacerda, que foi o estopim dos fatos. Apesar desses méritos todos, alguma coisa falta no roteiro ou na própria direção, que não deixa o filme emplacar com uma qualidade maior, ficando a sensação de que poderia ser melhor e mais emocionante. Pena, mas mesmo assim é um bom filme e para quem não conhece a história uma proveitosa aula, pelo menos para estimular a pesquisa complementar.  7,5

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IN YOUR EYES

In-Your-EyesEste filme pode muito bem ser classificado como “comédia romântica bobinha”, porque, passado seu início, é todo previsível e o roteiro não tem grande profundidade. Fica a advertência. E deve-se acrescentar ao rótulo acima também o de “paranormal”. Pois esse é seu tema, seu mérito maior. Porque tem ingredientes de ficção científica que formam uma realidade de fantasia, na qual é preciso acreditar ou fingir acreditar para degustar melhor o filme – embora já fiquem claros desde o início, não vou revelar quais são, para despertar a curiosidade. Mas não é o primeiro nem o último com “elementos” sobrenaturais: tem aqueles filmes de viagem no tempo (Em algum lugar no passado…), aqueles em que os mortos se comunicam com os vivos (Ghost…), fora outros em que os personagens voam, adivinham pensamentos ou ficam invisíveis… e assim por diante. Mas no caso, é um filme leve, gostoso de assistir e – com exceção de uma cena de um minuto –  para todas as idades. Bom pra pipoca e guaraná e pode também emocionar. Produzido nos EUA, lançado em 2014, tem Zoe Kazan e Michael Stahl-David como protagonistas. Para a hora certa, diversão prazerosa e sem compromisso.  7,5

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COHERENCE

filmes_9406_109988.jpg-r_640_600-b_1_D6D6D6-f_jpg-q_x-xxyxxNão ler a sinopse (que geralmente conta o que não deveria) trará uma surpresa a mais neste interessante thriller/drama americano, produzido em 2013 e dirigido por James Ward Byrkit. Até porque o filme, de repente, define seu gênero como ficção científica, sem perder o suspense, muito pelo contrário. Mas mesmo quem ler a sinopse – geralmente infeliz -, ficará impressionado, porque a partir de certo momento o filme toma rumos imprevisíveis e surpreendentes. Para alguns, tudo poderá soar como uma tremenda baboseira, mas para outros instigará e despertará curiosidade e indagações, inclusive porque o tema foi poucas vezes explorado pelo Cinema e nenhuma vez desse modo tão amplo e complexo: para estes últimos, o roteiro poderá ser classificado inclusive como “genial”. O filme ganhou faz pouco tempo o prêmio de melhor roteiro nos festivais de Sitges 2013 e Fantastic Fest 2013.   8,0

 

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POR FALAR DE AMOR (WORDS AND PICTURES)

E POR FALARTem filmes que nos primeiros cinco minutos a gente já sabe que terão no mínimo o conceito “muito bom’. Este, americano de 2014, é um exemplo: Juliette Binoche e Clive Owen, com seu charme, beleza, carisma e talento, acompanhados de uma ótima direção (Fred Schepisi) e trilha sonora engajada (adequada e sensível, em cada cena), já dão o tom delicioso e leve do filme desde o começo. E, óbvio, com uma bela química entre eles (lembrando às vezes os duelos de antigamente, Katharine Hepburn x Spencer Tracy). Independentemente da sintonia, uma grande atriz e um grande ator: tem uma cena muitíssimo especial, entre ele e o filho, entre outras. Uma comédia romântica, com alguns momentos de drama, claro, e se prestarmos atenção encontraremos além do tema principal outros ingredientes extras, sobre a origem da palavra, da imagem, da comunicação dos seres humanos, sobre a importância do professor que abraça sua profissão e que cumpre a missão de, além de ensinar, também desafiar seus alunos a refletirem e a produzirem criativamente… Mas o fato é que o roteiro encontrou, com seu tema central, um modo muito atraente de rivalizar dois professores e com isso suas paixões: pintura x literatura, imagens x palavras  – eis aí o título do filme, que é previsível como acontece no gênero, mas daquelas cartas marcadas que nos atraem e encantam por seus ingredientes a mais e saborosos e que em sua parte final, ao colocar os duelistas e seus temas frente a frente, tem o seu momento de maior significado, delicadeza e emoção. Detalhe: as pinturas são todas de autoria da própria atriz. Para os românticos, os sensíveis e também para os que apreciam a arte e a literatura.  8,5

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A CULPA É DAS ESTRELAS (THE FAULT IN OUR STARS)

a CULPATem muita gente fugindo deste drama romântico por achar que vai ver lágrimas gratuitas típicas dos filmes piegas, a chantagem emocional tão comum. Puro engano. Mas isso na parte de piegas, pois provavelmente quanto às lágrimas o pensamento será totalmente verdadeiro. Poderá até ser um “massacre” para os sensíveis. Baseado em livro do campeão de vendas John Green – que deve ter ficado surpreso e satisfeito com o resultado da sua obra na tela -, o filme tem notadamente uma bela  e eficiente construção dos personagens, pois o ótimo Ansel Ergort (Divergente) e principalmente a excelente Shailene Woodley (Spectacular now, Os descendentes, Divergente…) dão total credibilidade à história e nos fazem viajar por inúmeras lições e emoções. Um show à parte esses dois. É dilacerante o filme pela temática que aborda, mas também consegue ser doce, delicado, cativante, com um trilha sonora marcante e sensível, ótima fotografia, belas locações e , claro, uma ótima direção (Josh Boone), contando ainda com um elenco de “apoio” de peso (Laura Dern, Willem Dafoe…). No meu tempo de jovem, lembro que houve alguns filmes que emocionaram a minha e mesmo outras gerações, com histórias tristes e/ou trágicas, como Romeu e Julieta e Love Story…Este filme talvez seja, nesse sentido, um excelente marco do cinema jovem atual, porque além de ser extremamente bem feito, traz várias mensagens importantes sobre como vale a pena viver e aprofundar os sentimentos, independentemente do tempo que está reservado a cada um de nós. E que, afinal, ninguém sabe quanto tem de medida.  9,0

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GALLIPOLI

Gallipoli (1981)Um filme australiano de 1981, início da carreira de Mel Gibson e com o ótimo Mark Lee. Direção do renomado Peter Weir (O show de Truman, Sociedade dos poetas mortos, A testemunha, Mestre dos mares…). O que me levou a (re)ver este filme foi a série “Guerras mundiais”, de 2014, do History Channel, onde foi comentada Gallipoli como um dos maiores erros estratégicos e políticos de Churchill. Mas no caso, o filme não aborda o exército inglês e sim o australiano. E não se aprofunda na guerra, porque o seu objeto é a vida daqueles rapazes e os efeitos que a guerra provocou sobre elas, tão somente. É a história de jovens felizes e inocentes, porém corajosos e idealistas, de Perth (cidade no sudoeste da Austrália), que com a idade legal (?) de repente se veem envolvidos com a 1ª Guerra Mundial e os anseios de poderem defender sua Pátria (de uma futura invasão) e até mesmo a liberdade de todos os povos. Por esses motivos, planejam unir-se aos aliados e atacar os Turcos em sua própria terra, na região conhecida por Gallipoli, que é o nome da península, mas também como foi conhecida essa Campanha pelos australianos e também pelos neo-zelandeses (no Reino Unido, a ação foi conhecida como Campanha de Dardanelos). O filme não é um primor e quase todo ele parece ser levado naquele  meio tom de comédia até. Menos na parte final. Aí, sim, com a seriedade da guerra tudo muda, até o enfoque. E é justamente essa parte final do filme que vale a pena, quando assistimos aos acontecimentos, emoldurados pela música Adágio de Albinoni (que toca no início do filme) e que dramaticamente acentua tanto o drama, quanto a inutilidade e o desperdício, petrificados pela bela e pungente imagem final.  7,8

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ATERTRAFFEN (A REUNIÃO ou O REENCONTRO)

o reencontroNão sei o título em português, mas esse drama sueco de 2013 é um filme diferente e que incomoda bastante, nos deixando pensativos e até meio angustiados. Alguns filmes já abordaram aqueles encontros que colegas de escola fazem 20, 30, 40 anos depois, onde é festejado o reencontro e são compartilhadas lembranças do passado, inclusive para servir de poderoso alimento para alguns (um exemplo é justamente o filme americano “O reencontro”). Mas neste caso, o encontro 20 anos depois terá alguns elementos amargos e surpreendentes. Inesperados os desdobramentos que virão e provocarão constrangimento, perplexidade e outros sentimentos. O filme fala sobre bullying e coloca uma interrogação sobre se é realmente possível superar certos acontecimentos do passado.  7,5

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STARRED UP

starred_up_movie_poster_jackNão me lembro de ter visto antes um filme “de prisão” com tal grau de realismo como o desse filme britânico independente de 2013 (talvez só Cela 211). Cru, denso, tenso, um drama forte e com algumas cenas realmente impressionantes. É uma obra difícil inclusive de ser realizada pelas peculiaridades do próprio sistema prisional e que exige muita capacidade e talento para ser executada: méritos da direção (David MacKenzie) e do elenco (embora a “fera” seja Jack O´Connell, ator de “300 – A Ascensão de um Império”), apresentando alguns personagens imprevisíveis e que fazem com que se tenha a todo instante o clima de violência por um fio, do nada podendo surgir a animalidade que no caso o ambiente mais do que estimula aparecer. Até por autodefesa.  8,5

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COLD JULY

Cold-in-July-03O roteiro, se visto no papel, não tem nada demais, apenas um ou outro pormenor. Mas, afinal, trata-se de Cinema e aqui a “forma” é fator essencial, justamente a maneira pela qual a história é contada tornando diferente este drama com suspense e os fatos são mostrados: sem pressa e com ótima trilha sonora; além do elenco, nesse ponto sendo muito interessante ver como Sam Shepard está ótimo com a idade e Michael C. Hall eficiente ao finalmente desempenhar um personagem diferente do Dexter. E tem ainda Don Johnson, que se mantém em boa atividade em Hollywood. Na verdade, quando se fala em forma, leia-se basicamente direção, fotografia e montagem. Produção americana (co-francesa) de 2013, tem um título também adequado, com as virtudes da simplicidade. da concisão e do mistério. 7,5

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PROTEGENDO O INIMIGO (SAFE HOUSE)

safe houseCom um ridículo título em português (mais um), trata-se de um bom filme policial de ação, que se passa basicamente na África do Sul e que envolve espionagem e coisas do gênero, havendo também a CIA e a suspeita de alguém infiltrado. Um thriller com ritmo intenso do começo ao fim (naturalmente valorizado pela edição e pela trilha sonora), muito bem dirigido e com um roteiro cheio de clichês, mas também com alguns aspectos bastante interessantes. Inclusive tem coisas das quais esse gênero de filme não tem como se dissociar, portanto esta é uma boa diversão, ótima para os que apreciam filmes para não pensar muito, porém bem realizados. O diretor é o sueco Daniel Espinosa, que com este filme estreou no mercado americano em 2012. Com elenco de peso: Denzel Washington, Ryan Reynolds, Vera Farmiga, Brendon Gleeson e Sam Shepard.  7,7

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SUPERCONDRÍACO

Supercondriaque-o-CartazNo gênero “comédia romântica” é comum ver filmes divertidos, simpáticos, agradáveis, mas geralmente todos gravitam em torno dos mesmos temas, tendo os mesmos cacoetes e clichês, sendo que apenas uma pequena parte deles se destaca, por qualidades especiais. Ainda mais quando se trata de um filme francês desse gênero. No caso, eu achei esta comédia muito divertida. Muito gostosa de ser vista, extremamente valorizada pela direção, pelo elenco (algumas cenas são impagáveis por conta dos atores) e pelo texto esperto e ágil. Fazia tempo que não dava tão boas risadas, para isso tendo de deixar de lado obviamente certas exigências de coerência e verossimilhança (o que deve ser feito nesse tipo de filme) e mergulhar no gênero, a partir daí passando a desfrutar totalmente dessa comédia escrachada, mas também  inteligente e com ótimos e criativos momentos. A começar pela abertura. Pode muito bem passar numa Sessão da tarde e ser vista por toda a família com prazer, porque sem dúvidas é diversão bem acima da média. Segundo consta, é o filme mais visto na França nos últimos tempos, sendo totalmente pertinente um dos comentários da mídia sobre ele e que endosso totalmente: “Divertimento vitaminado para ser receitado dos 8 aos 80” (Le Figaro Magazine).  8,0

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THE INTERNETS OWN BOY – THE.STORY OF AARON SWARTZ

kjkjAchei este filme extraordinário. Não só pela importância do tema e por ser muitíssimo bem feito – inclusive fotografia, edição e trilha sonora -, mas também porque ele me provocou intensas emoções, principalmente de indignação e impotente revolta contra a injustiça que se mostra, o poder sendo utilizado para fins políticos em detrimento a pessoas e a princípios, sendo pisoteadas toda uma história e cultura jurídicas que fundamentam os direitos e liberdades individuais/de expressão que nossa Constituição enaltece e que no caso estão na Primeira Emenda da Constituição Americana. Trata-se do famoso caso do Ministério Público/Governo Americano contra Aaron Swartz, um jovem prodígio da informática e ativista (tido por muitos como revolucionário, no melhor sentido da palavra), fundador do site Reddit e acusado de fazer downloads massivos indevidos de artigos acadêmicos (a partir de Massachussets e do famoso MIT – Instituto de Tecnologia de Massachussets -, que lavou as mãos na hora da verdade). É um filme estilo “documentário americano”, como vemos muitas vezes: fotos, imagens em filmes e muitos depoimentos (aqueles em que só aparece a resposta), mas absolutamente pungente, que emociona e também provoca reflexão. Em meio à avalanche de fatos e informações, podemos nos sobressaltar com a indagação do quanto será verdadeira ou não a versão mostrada e o quanto seria apenas manipuladora, por conta da paixão que provoca: mas analisando a realidade que conhecemos, a própria história do personagem, sua condição pessoal e genialidade, seu despojamento material e principalmente o que ele falava e praticava (e que nos é mostrado e não deixa dúvidas da sinceridade), creio que a conclusão virá fácil, sobre quem é o mocinho e quem foram os vilões nessa história da vida real. E de fato é impressionante a cultura, o engajamento, a lucidez, a profundidade da oratória e a última entrevista de Aaron, que traz uma visão perfeita e humana das coisas. De todo modo, um assunto palpitante esse dos direitos relacionados com a internet, principalmente quanto à liberdade de acesso amplo a todas as informações. Eis um filme especial, que já inicia com um pequeno  mas grande texto: “Existem leis injustas; devemos nos contentar em obedecê-las, ou devemos nos esforçar para melhorá-las e obedecer a elas até que sejam eficazes, ou transgredi-las de uma vez por todas” (no caso do filme, para com isso provocar sua modificação..)? Olhando por outro ângulo, é fácil nos identificarmos com o Brasil ao constatarmos a precária e interesseira visão e ação do Legislativo e do Executivo, mas fica clara a distância, quando se trata dos americanos e de seu trato com o Direito, tanto em termos de debates, quanto de lutas pela sua efetivação. Ainda estamos engatinhando.  Embora no final das contas, o que acaba prevalecendo é o ideal de Justiça que deve permanecer sempre aceso. Por tudo isso, a média 8,3 no IMDB não é nada surpreendente. Escrito e dirigido por Brian Knappenberger e lançado neste ano de 2014.  9,5

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LOCKE

20140307-locke-poster1-404x600Se me dissessem que eu ia ver um filme no qual o tempo inteiro o personagem, único, está dentro de um carro, viajando, eu provavelmente ficaria curioso, mas hesitaria a princípio, desejando mais informações. Teriam que dizer que a história é essa mesma (por esse motivo, inclusive, poderia ser uma peça teatral e não cinema), mas acrescentar algumas outras coisas muito importantes: que o personagem fica o tempo todo conversando no telefone do carro com várias pessoas; que o ator é ótimo; que o texto é muito interessante e bem escrito (embora trate de temas cotidianos), repleto de suspense e mistérios que não são revelados a não ser aos poucos e que mesmo depois que se revelam ainda o filme se mantém instigante; que vários dramas acontecem e que os fatos são mostrados de tal maneira, que não conseguimos antecipar o final do filme (outro mérito). Enfim, algo bem original e que vale a pena. Produção britânica de 2013 (co-americana), com Tom Hardy e escrito e dirigido por Steven Knight (Coisas belas e sujas, Senhores do crime…). 7,8

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OS INFELIZES

themisfortunatesposterrUm filme cru sobre gente que vive em uma realidade quase à margem da sociedade (classe operária sem classe), igualmente sem pudores sociais, pode-se dizer. Fumam, bebem, dizem palavrões, quebram coisas em bares, brigam, dormem em meio ao vômito, à promiscuidade…Um crítico o definiu bem, como uma “comédia melancólica”. É recomendado para quem gosta de filmes alternativos, sendo dirigido por Felix Van Groeningen, produção holandesa de 2009. O filme mostra uma realidade muito diferente da que conhecemos, pessoas que poderíamos considerar como de quinta categoria, sem nenhum refinamento, parecendo não ter nenhum objetivo na vida. Mais para animais que para humanos. Inclusive os fatos ocorrem diante do adolescente, que ainda enfrenta seu amadurecimento. Mas a poesia está não apenas no fato de o filme mostrar essa casca, mas também que a polpa às vezes pode surpreender, inclusive pela consciência de uma geração, de que é capaz de alterar o rumo das coisas, da honra familiar: embora isso seja tão difícil e penoso. Um filme anárquico no sentido referido, inclusive nos diálogos, sem freio moral algum. Por exemplo, o que diz/pensa um personagem: “as duas pessoas que mais odeio no mundo são mulheres: a mulher que me colocou no mundo e a que vai colocar meu filho”. Mas quando alguns pequenos milagres acontecem, o fato emociona porque vemos, nas consequências, que aquilo tudo não é a essência do ser humano, mas apenas o produto do meio.  7,8