Shortlink

OS HOMENS SÃO DE MARTE E É PRA LÁ QUE EU VOU

os homensMônica Martelli (que também faz a narração in off) é uma atriz madura, alta (1,80m), bonita e carismática. Com seu senso de humor e charme, vai nos seduzindo e é a razão maior desse filme simples, mas cativante. Uma comédia romântica nacional, despretensiosa, mas muito gostosa de se ver e que provoca algumas emoções e quem sabe até reflexões, conforme a fase da vida de cada um, pois seu tema são os relacionamentos e a busca do amor e da felicidade, tudo sob um ponto de vista bem humorado, embora com pitadas de realismo. Divertido, belas locações, uma das boas produções nacionais nessa grande leva de comédias que anda por nossos cinemas. Direção de Marcus Baldini (Bruna Surfistinha, Psi…), com Paulo Gustavo (o ator brilhante em Minha mãe é uma peça), Daniele Valente e participações de Irene Ravache, Eduardo Moscovis, Humberto Martins, Marcos Palmeira e até de Lulu Santos, que ao vivo e com a sua música deixa a mensagem final.  7,7

Shortlink

THE JERSEY BOYS

the fourA maior parte deste filme (baseado em livro e em fatos reais) não é diferente de muitos outros, narrando a ascensão e a fama de personagens ou grupos, com todos os percalços e problemas que o fato envolve, inclusive conflitos internos e o impacto na vida familiar de cada componente, que tem que seguir a estrada etc. No caso aqui, de uma banda de rock and roll que emergiu nos anos 60 (época dos conjuntos vocais e que faziam aquelas coreografias no palco, das quais hoje achamos graça): The four seasons. Acontece que o filme é tão bem feito – porque o produtor e diretor é simplesmente o fabuloso Clint Eastwood (84 anos e em plena forma como diretor) -, evoca tão bem aquela época, com figurinos, carros, trejeitos, visual belíssimo, modismos e principalmente a gostosíssima e irresistível música, que os bons momentos superam os apenas regulares. E a parte final é o forte do filme, onde a maior emoção se concentra, sendo que no clímax o elenco todo nos presenteia, fazendo uma coreografia irresistível, fechando uma história que, como sempre, nos diverte e emociona. O elenco está perfeito, com a participação de Christopher Walken (o mesmo de sempre) e o desempenho notável de John Lloyd, como Frankie Valli, o crooner do grupo. E o desfile de músicas conhecidas e que influenciaram gerações (Bye bye baby, Walk like a man, Sherry…) mostra a importância dessa homenagem biográfica, sendo também bastante marcante no filme a interpretação de um clássico musical: I love you baby, salvo engano composta por Paul Anka.  8,2

Shortlink

MAGIA AO LUAR

Magic-in-the-Moonlight-07jul2014-1Comédia romântica americana, produzida em 2014, com Colin Firth, Emma Stone (ela é fabulosa!) e grande elenco. Woody Allen nos últimos anos encontrou uma maturidade invejável. Seus últimos filmes – principalmente quando ele não atua (opinião bem pessoal) – têm sido ótimos, quando não brilhantes, mantendo o nível técnico costumeiro e acrescentando um tempero absolutamente equilibrado quanto aos roteiros. Sempre em seus filmes tivemos qualidade/esmero, na fotografia, trilha sonora, cenografia, figurino, elenco…Mas nos últimos tempos, as histórias alcançaram um nível realmente muito alto de harmonia com todos os demais elementos, naturalmente capitaneados pela magistral direção. No  caso, uma história que parece levar por um caminho, mas que tem surpresas inclusive de enfoque quando muda subitamente de rumo, parecendo conduzir o espectador junto com o personagem, inclusive na visão que tem do mundo, ora cegamente pragmática, sarcástica, cética, ora mística, metafísica, crédula…no final das contas, uma bela lição sobre as necessidades humanas.  9,0

Shortlink

INSTINTO MATERNO

instinto

O nome já diz tudo. Só não diz que se trata de um filme que aborda com rara profundidade o papel da mãe protetora, que é um filme denso (embora lento) e que apresenta uma magnífica interpretação da atriz Luminita Gheorghiu, digna de um Oscar: ela é um espetáculo à parte e que dá brilho intenso a esse drama, que se reveste, o máximo possível, com as cores da realidade, em cenas que, por esse motivo, emocionam legitimamente. Uma produção romena, que juntamente com o tema universal da maternidade (e dos limites da opressão que ela provoca), tece um retrato social também significativo. Prêmio de Urso de Ouro no Festival de Berlim de 2013.  8,0

 

Shortlink

GAROTA EXEMPLAR (GONE GIRL)  

garota exemplarEste filme, muito interessante,  é dirigido por David Fincher, o que já significa bastante, pois é o mesmo diretor (inteligente, exigente, detalhista, polêmico…) de O curioso caso de Benjamin Button, O clube da luta, A rede social, Os homens que não amavam as mulheres, House of cards…, ou seja um craque. A co-roteirista, Gillian Flynn, é a autora do livro que vendeu mais de 4 milhões de exemplares e deu origem ao filme, abordando uma trama bastante original e que muitas vezes se assemelha às histórias bem enredadas e fascinantes de Alfred Hitchcock, embora trate também – e muito – do circo da mídia, como definiu a crítica de um famoso jornal de Boston. As eventuais falhas são superadas pela montagem e pelos demais elementos cenográficos. Assim, embora levemente irregular, em uma cena ou outra (poucas, porém), o roteiro é algo de novo, original e instigante, deixando quem assiste em permanente suspense e tensão, inclusive pela imprevisibilidade dos acontecimentos, que acabam em importante plano discutindo a própria relação matrimonial. Mérito também de Ben Afleck e Rosamund Pike, os protagonistas. Um suspense ou thriller de alto nível, que também destila crítica e ironia.  8,5

Shortlink

THE NOVEMBER MAN

November_manFilme de ação/espionagem/thriller, daquele estilo conhecido e produzido às dezenas, de agentes (CIA), espiões, tramas, perseguições, tiros…Igual a tantos, mas com Pierce Brosnan – que se acostumou a fazer filmes desse gênero, inclusive quando atuou como James Bond. Aqui, ele está bem mais maduro, com uma perceptível maquiagem a mais, porém ainda com vigor e carisma suficientes para segurar um filme. E o faz muito bem, com os ingredientes de sempre, inclusive a mocinha atraente. Ele é efetivamente o diferencial, embora a direção do australiano Roger Donaldson (13 dias que abalaram o mundo, A experiência, O inferno de Dante, Efeito dominó…) seja também bastante satisfatória nessa produção americana de 2014, com roteiro adaptado de livro. Em suma, um filme sem nada de muito original ou especial, sem compromisso nenhum, mas dinâmico e muito gostoso de se assistir, vale dizer: uma boa diversão.  7,5

Shortlink

O LOBO ATRÁS DA PORTA

FILME-ESTREIAS-18-09-2014-O-Lobo-Atrás-da-PortaFilme brasileiro de alto nível, até por isso selecionado para os Festivais de Toronto, Chicago e Zurique e premiado como Melhor Filme no Festival Latinoamericano de Havana, no 15º Festival do Rio, no 61º Festival de San Sebastian e no 31º Festival de Miami, todos em 2013. Bastante acima da média, portanto, e não apenas considerando o fato de ser produção nacional. Drama, com suspense, em um gênero que normalmente é classificado como policial – na verdade, pode ser definido como um thriller brasileiro – e no qual geralmente é difícil alguma originalidade. E que aqui aparece, principalmente pela forma de mostrar os fatos e pela direção de atores.  Na verdade, é um caso de polícia, baseado em fatos reais da década de 60, com desdobramentos surpreendentes e que nos são mostrados como se participássemos da investigação policial (em flash back). Mérito do roteiro, da direção e do talentoso elenco. Leandra Leal (excelente), Milhem Cortaz, Fabiula Nascimento e Juliano Cazarré (o delegado) são os principais, dirigidos por Fernando Coimbra (um estreante em filmes longa-metragem), que é também o competente roteirista. No fecho da crônica policial, o relato do delegado tornando a situação “simples assim”, ou seja, como mais um fato do cotidiano e sem qualquer julgamento moral, dá o tom exato das coisas, como muitas vezes acontecem: até se banalizam, geram perplexidade, porém não permitem qualquer saída. 8,0

Shortlink

MISS VIOLENCE  

miss_violence-27350415-frntlPara adultos e para os que gostam de filmes de arte com temática forte. Produção grega, com ótima interpretação de todo o elenco, principalmente de Constantinos Athanasiades. Dirigido por Alexandros Avranas, o filme foi premiado nas categorias de diretor e ator no Festival de Veneza de 2013. Tenso, fotografia sem muitas cores, acompanhando a apatia de uma família de classe média alta submissa ao comando do austero patriarca. Mas um fato aparentemente inexplicável é que vai dar origem à história, na qual a inicial perplexidade pela estranheza de toda a repressão vai dando lugar aos poucos para as respostas, algumas mais do que eloquentes nas entrelinhas, outras na crueza das imagens. Respostas cruas e incômodas – inclusive por envolver crianças -, tanto quanto reais, pois o filme acaba sendo uma denúncia da realidade, que é mais chocante na medida em que pode estar ao nosso lado (e está!…), sem que possamos percebê-la.  7,7

Shortlink

MAPAS PARA AS ESTRELAS (MAPS TO THE STARS)

maps_to_the_stars_xlgHá filmes dos quais eu não gosto tanto, mas os reconheço por sua qualidade cinematográfica. É o caso deste filme, de atmosfera meio estranha, cabendo ressaltar já de começo que se trata de um drama contemporâneo sobre o mundo dos atores e atrizes de Hollywood, mas sem o verniz e o glamour habitual, em uma abordagem meio humor negro disfarçado, meio paranoica, onde sobressaem componentes neuróticos e esquizofrênicos. Obra realmente corajosa ao expor e criticar (ou não?) aspectos desse mundo hollywoodiano que poucas vezes é mostrado pelo cinema. Um filme com um roteiro fortíssimo (o texto é realmente muito mais pesado do que as cenas), que choca e que acredito não vá agradar muita gente. Pode ser efetivamente enquadrado como “filme de arte”. Uma experiência diferente e difícil, com direção do canadense David Cronenberg, diretor que realmente nem sempre é fácil e que às vezes costuma navegar por mares não convencionais (Crash – estranhos prazeres, ExistenZ, Senhores do Crime, Cosmópolis…). O elenco está impecável e deixa a esquizofrenia (entre outras…) à flor da pele: Julianne Moore, Mia Wasikowska, Olivia Williams, John Cusack, Evan Bird (o garoto)… Produção Canadense, com a co-produção de EUA, França e Alemanha, 2014.   7,7

Shortlink

THE TWO FACES OF JANUARY

the twoUm drama com suspense, que até poderia ser assinado por Hitchcock, tal a sua qualidade. Trama bem costurada, interessantíssima e imprevisível, até a última cena. Trilha sonora totalmente adequada e elenco impecável: Viggo Mortensen, Kirsten Dunst e Oscar Isaac. Dirigido com muita competência por Hossein Amini (Drive, 47 Ronins) e com roteiro adaptado, é uma tríplice produção: EUA, Reino Unido e França, a história se passando em sua maior parte na Grécia, mas em locais pouco usuais, assim como o próprio filme, que é muito acima da média.  8,8

Shortlink

BOYHOOD – DA INFÂNCIA À JUVENTUDE

boyCinema tem muito de momento. Podemos ver um filme sob diversas condições e com diferentes estados de espírito, de modo que em cada ocasião o aproveitamento provavelmente será um, específico. Por esse motivo, quando sinto que não assisto a um filme (de qualidade) com toda a minha sensibilidade, atenção e concentração, vejo novamente. É o caso desta obra, certamente a mais perfeita da carreira do diretor Richard Linklater (Antes da meia noite… prêmio de Melhor Direção no Festival de Berlim 2014). Na verdade, além de se tratar de um enfoque extremamente original, existe uma curiosidade que torna este filme único: o diretor passou 12 anos filmando a história (de 2002 a 2014, em cada ano reunia a equipe e rodava algumas cenas – portanto, o menino é o mesmo ator que faz o adolescente!). A par desses méritos, é um filme que pode chegar de forma diferente e com importância também diferenciada para cada espectador, talvez conforme sua idade, talvez de acordo com suas experiências ou sua visão do mundo: mas atingiu em cheio a minha sensibilidade e aqui refaço a resenha feita há cerca de um mês, quando vi o filme pela primeira vez, apesar de ter naquela ocasião atribuído a ele a ótima nota 8,7. Com Ethan Hawke e Patricia Arquette, o filme é a própria vida passando. Impressionante o realismo das cenas, dos diálogos, a naturalidade dos fatos, mesmo os mais impactantes, produzindo em nós uma identificação imediata, envolvendo conflitos de diversas épocas e diferentes gerações. Todo o elenco e a direção são impecáveis. A trilha sonora, uma viagem deliciosa. Parece que vemos vários filmes em um. Paixões, perdas, ritos de passagem, as inquietações da infância, da juventude, da própria fase adulta, como se não tivesse fim a procura pelo amadurecimento. A constatação da efemeridade das coisas (até mesmo a “síndrome do ninho vazio” – fato natural e por isso tão doloroso quanto belo), o aprendizado de que família não é a satisfação do modelo social e sim uma questão de união, respeito e atitude. Constatamos, afinal, que a vida é bela e, como o amor, tem amplas possibilidades e na própria juventude, com momentos de lirismo, de delírio, mas também de hesitação, reside a grande esperança do mundo de amanhã. E após o filme, ainda por um bom tempo. ficamos com a sensação de estar diante de uma obra rara.  9,5

Shortlink

SIN CITY – A DAMA FATAL (A DAME TO KILL FOR)

sinO tratamento visual/fotográfico é espetacular. Em todo o filme. Nada diferente do primeiro Sin City, mas sempre atraente e impactante: o filme, como o anterior, é basicamente em preto e branco, mas em cenas específicas aparecem os detalhes, belos e marcantes, em cores, principalmente nos tons de vermelho (uma boca com batom, um automóvel). De resto, novamente uma perfeita e moderna reprodução das graphic novel…no caso das cores, merecem destaque muitas cenas, inclusive a do azul do vestido que dá entrada para a sensualíssima (atriz e personagem) Eva Green, uma femme fatale. Filme, obviamente, para adultos. Mas não são só os efeitos visuais que se destacam: a narrativa (em off), o texto afiado e os personagens são ótimos: durões implacavelmente buscando seu destino em meio ao caos e à violência da cidade (fervilhada de botecos, bandidos, vingança e mulheres sensuais e poderosas). Tons e hotéis decadentes, eis bela homenagem ao bom e velho cinema noir…Talvez o defeito único do filme seja ser muito longo, o que também achei do anterior. Talvez. Mas outra qualidade é o elenco: Mickey Rourke novamente ótimo (e irreconhecível), Jessica Alba, Powers Boothe (o Senador), Josh Brolin, Joseph Gordon-Levitt, Ray Liotta, Dennis Haysbert, Stacy Keach, Jaime King, Christopher Lloyd etc e até Bruce Willis fazendo duas rápidas aparições. Mais uma vez, roteiro de Frank Miller, que dirige o filme junto com Robert Rodriguez.  8,0

Shortlink

UMA NOVA CHANCE PARA AMAR

uma nova chanceEste é um filme com alguns “furos” de roteiro na minha opinião – fatos sem nexo, outros sem explicação, outros ainda sem uma explicação convincente -, mas que no final se acaba achando que valeu a pena. Um pouco pela direção, outro pela evidente qualidade do filme e muito pela atuação do par central: Annette Bening e Ed Harris, um dos meus atores favoritos.  Produção americana de 2013, foi exibida primeiramente no Festival de Toronto e ainda tem no elenco Robin Willians, em um de seus últimos papéis. Em tempo: mais uma oportunidade para os incompetentes manterem o título original, que seria “A face do amor”, mas infelizmente optaram por um título supostamente comercial, mas que como sempre só faz banalizar.  7,6

Shortlink

O DOADOR DE MEMÓRIAS (THE GIVER)

doadorOutro filme juvenil com elementos para agradar adultos: ficção, fantasia, drama, ação. Muito bem feito e, dizem, projeto antigo do ator e produtor Jeff Bridges, que é o The giver (doador) do título. Não chega perto da categoria de Divergente, por exemplo, mas tem a presença de Meryl Streep e Katie Holmes e uma história interessante e que emociona às vezes: embora a ideia não seja nova, a roupagem o é de certa forma  (embora nem de todo…). A produção é americana de 2014 e o diretor o australiano Phillip Noyce (Salt). Mas na verdade, o protagonista mesmo é o jovem ator, também australiano, Brenton Thwaites, que tem um desempenho bem satisfatório no papel do recebedor das memórias. Filme sem grandes pretensões, mas gostoso de se ver. 7,7

Shortlink

MALÉVOLA (MALIFICENT)

maleFilme de fantasia lançado em março de 2014 nos EUA (na mesma data do lançamento do desenho “A bela adormecida” há 55 anos – no qual é baseado). Produção Disney que apresenta outra versão à história infantil que conhecemos, principalmente no que se refere à principal personagem: a fada Malévola, interpretada muitíssimo bem por Angelina Jolie. Aurora é interpretada na adolescência pela graciosa Elle Faning (na meninice, pela filha de Angelina) e o filme é dirigido por Robert Stromberg, que estreia na direção (mas cinegrafista/supervisor de efeitos visuais de Alice, Jogos vorazes, Águas para os elefantes, Avatar, As aventuras de Pi, Oz…).  Não entendo o mal humorado comentário de alguns críticos a respeito deste filme: é lindo e conta uma história maravilhosa, com efeitos e cenários de sonho, em tom de fábula magnificamente enaltecido pelo som e pelas músicas, elementos essenciais da emoção. Uma bela aventura, emoldurada com a técnica moderna do cinema e que nos faz viajar sem pretensões de ir além do puro entretenimento, mas no caso sendo o bastante. 8,5

Shortlink

DIVERGENTE

diEste é um filme de ficção e aventura estilo juvenil, mas que deve agradar a todas as idades, dirigido pelo americano Neil Burger (O ilusionista). Acho muito importante o início de um filme, porque dificilmente deixa de definir a qualidade do que veremos a seguir. E este filme já de começo se mostra bem interessante, rapidamente nos sintonizando com todos os fatos importantes de uma Chicago 100 anos após a “destruição” (o filme se passa no futuro), onde existem cinco facções, com o propósito de ser mantida a paz: Erudição (os cultos e inteligentes – erudite), Amizade (os que cuidam da terra, espalham alegria, parceiros – amity), Franqueza (os honestos, íntegros, pregadores da verdade – candor), Audácia (os bravos, defensores da cidade – dauntless) e Abnegação (os dedicados e caridosos – abnegation). Desde cedo o filme já começa a nos envolver, porque tudo é bem feito – o que nem sempre é fácil quando se trata da adaptação de best seller (de Veronica Roth) -, inclusive a ótima trilha sonora. E realmente tem todos os ingredientes para agradar: mistério, suspense, ação, romance, mocinho e mocinha bonitos…Mas merece destaque uma vez mais ( vide crítica de A culpa é das estrelas) a atuação de Shailene Woodley: é de fato uma das grandes revelações dramáticas dos últimos anos e uma jovem que vai dar ainda muito o que falar. Não é por acaso que ganhou os prêmios de Melhor atriz de filme de ação (por este filme) e ainda de Melhor atriz de filme drama (A culpa é das estrelas), no Teen Choice Awards 2014. O galã, o britânico Theo James, também está ótimo, por sinal na premiação acima ele foi o Melhor ator de filme de ação (por este filme). E temos ainda a presença bonita de Ashley Judd e de Kate Winslet, esta última sempre dispensando comentários (aqui, num papel bem diferente do usual). 8,5

Shortlink

LUCY

Lucy_(2014_film)_posterEm termos de realização, a melhor e mais divertida concepção de um tema complexo e fascinante de ficção científica das últimas décadas. Com uma trilha sonora eletrizante, como o próprio ritmo do filme, achei-o simplesmente genial. Luc Besson (Nikita, O profissional, O quinto elemento, 13º Distrito, Busca implacável 1 e 2) soa, com maturidade, como um Tarantino com diferentes armas, mas com igual domínio de sua obra, mais do que valorizada pela perfeita e deliciosa atuação da singular e talentosa Scarlett Johansson e pelo carisma e a profundidade dramática do sempre ótimo Morgan Freeman. O filme nos conduz por caminhos tão espetaculares, quanto inesperados, e nos faz viajar por rumos que ao mesmo tempo nos emocionam e nos deixam na expectativa sobre o que virá a seguir, sem, porém, muito tempo para pensar. No fundo, uma grande fantasia, mas extremamente bem vestida. E o fecho – para muitos indefinido (e eis aí o seu mérito, pois não poderia ser de outra forma) -, talvez apresente mais do que uma ousada concepção sobre o avanço da ciência e – para muito além de seus limites – da própria humanidade: talvez o que vemos, no átimo que une à suposta origem da humanidade o seu paradoxal caráter infinito, seja, afinal, o próprio conceito de Deus.  9,5

Shortlink

NO LIMITE DO AMANHÃ

Edge_of_Tomorrow_PosterFicção científica com ação, estrelada por Tom Cruise e Emily Blunt. Produção americana e co australiana, de 2014. O filme é daqueles com os clichês típicos de Terra (leia-se EUA) x Aliens Invasores, só que neste caso tem alguns aspectos bastante interessantes, bem explorados e que o fazem sair do trivial, com efeitos especiais excelentes e algumas concepções de fantasia realmente muito boas, algumas até espetaculares (os campos e cenas de batalha e os aliens, por exemplo, são fantásticos). De todo modo, uma ótima diversão, ação incessante e um final também empolgante. 7,8

Shortlink

L´AUTRE VIE DE RICHARD KEMP

richardEmbora existam talvez alguns probleminhas de roteiro ou de edição, achei este filme francês bem interessante. É daqueles dramas policiais que a França costuma produzir, portanto, com aquele estilo de investigação, envolvendo os típicos detetives (com barba por fazer, independentes da chefia etc.) e o suspense em busca da solução para os mistérios e pela captura do serial killer. Um thriller de 2013. Nada parecido com o estilo americano, o que na maior parte das vezes é uma virtude (mas os EUA têm alguns filmes excelentes do gênero). Tem boa e importante dose de romantismo, mas é bom que se diga que exige para seu bom desfrute que a gente faça de conta que certo acontecimento – de ficção científica – é possível e não faça muitas perguntas a respeito, porque a explicação não nos é dada, simplesmente acontecendo o fato. A partir disso, o filme mostra enfoques originais e detalhes que demonstram conexão, com ótimas performances.  8,0

Shortlink

THE DETAILS

detailsUm filme fascinante, que deve ter passado despercebido nos cinemas. Americano, de 2011, com Tobey Maguire, Elizabeth Banks, Laura Linney e Ray Liotta, entre outros. Esse fascínio vem de seu tom, de comédia de humor negro, mas ao mesmo tempo de fábula, onde não se consegue adivinhar, em meio a guaxinins e vizinhança histérica, qual será o próximo passo, o fato seguinte a causar perplexidade. O próprio protagonista, com seu jeito simplório, cômico e inofensivo, faz com que a gente não leve muito a sério as ocorrências que se sucedem por conta de um roteiro inteligente e imprevisível. E a trilha sonora se mostra essencial para pontuar os diversos momentos, em que os “detalhes” vão aparecendo e se misturando como uma colcha de retalhos, cada vez mais emaranhada e parecendo sem solução. Os americanos são ótimos para dar nome aos filmes, ao contrário dos brasileiros (que parecem sempre pouco inspirados ao traduzirem os títulos). No caso, nem imagino sob que título esse filme seria ou foi trazido para o Brasil. “Os detalhes” é perfeito e permite até mesmo reflexões sérias sobre o destino, sobre o bem e o mal, a sorte e o azar (as fases de nuvens negras…), sobre se todo pecado deve ter sua culpa expiada. Também mostrando a possibilidade de se cometer erros, mas ao mesmo tempo se praticar atos desinteressados, de generosidade e compaixão, mas que ironicamente às vezes podem ser recompensados de uma maneira totalmente inesperada. Já dizia provavelmente Dalai Lama, que O universo é o eco das nossas ações…  8,5