INFIEL (TROLÕSA)
Produção sueca do ano 2000, dirigida por Liv Ulmann e roteirizada por Ingmar Bergman, com quem a diretora foi casada. Cabe uma advertência inicial importante: trata-se de um filme para adultos, algo sofisticado/inteligente mas lento, repleto de diálogos, com pouca ação e temática envolvendo relações de personagens maduros e cultos. Não é, portanto, um filme para todo tipo de público, mas os fãs de Bergman irão adorar. Não apenas porque ele é o autor do roteiro, mas porque Liv Ulmann, que foi a atriz preferida do Mestre, aprendeu muito com o seu mentor, em termos de contar uma história de forma meticulosa, com ótima fotografia, todos os cuidados com a produção, com os enquadramentos e closes, neste caso exigindo que as emoções pareçam ser (e isso de fato ocorre!) genuínas diante de uma câmera que permanece por muito tempo contemplando as expressões faciais dos personagens. Fatos que exigem também e principalmente um elenco de gabarito, neste caso tendo destaque a soberba atuação de Lena Endre. O filme vasculha, em profundidade não muito habitual, a alma dos personagens e faz uma viagem, como se fosse a anatomia de uma relação e seus desdobramentos imprevisíveis. Em minha opinião só caberiam duas críticas ao filme: o recurso cinematográfico escolhido para contar a história (na figura de “Bergman”, o suposto terapeuta) e a duração do filme. Quanto ao primeiro ponto, fiquei indeciso, achando que a forma da narrativa poderia ter outras alternativas, mas quanto ao segundo, entendi ser absolutamente necessário o filme passar de duas horas para poderem ser costurados todos os pontos necessários ao perfeccionismo de Liv e com isso oferecer o perfeito retrato do universo que contemplou. 8,5