À QUEIMA-ROUPA (POINT BLANK)

Os que dão título em português aos filmes pouco se importam em repetir nomes – assim como demonstram total incompetência e/ou insensibilidade em relação a grande parte dos títulos que atribuem -, de modo que com esse mesmo nome existem no mínimo mais três filmes: de 1995, com Charles Bronson, de 2010, com Gilles Lellouche e de 2019, com Frank Grillo. Mas não há como confundir, pois este thriller é muito mais antigo: de 1967 e com Lee Marvin (Os doze condenados), tendo a participação de Angie Dickinson (Police woman, de 1974 a 1978) e a direção do competente John Boorman (Excalibur, Amargo pesadelo). Trata-se de um drama estilo policial, com ação e suspense e que não correspondia aos modelos da época para esse gênero de produção. É um roteiro com tratamento diferente, até com certa estranheza em algumas cenas, mas justamente essa foi certamente a intenção: fugir dos clichês e dos enlatados da época e isso se consegue perfeitamente e o curioso é que tal fato – e o caráter insólito da montagem do filme, que mistura imagens do presente, com as do passado e até oníricas, mas tudo rapidamente, dando a sensação de algum problema de continuidade – torna o filme extremamente atraente. Questões de estilo e, portanto, de se gostar ou de não se gostar. Mas é algo que vale a pena justamente por ser instigante, original para a época, possuir um roteiro consistente, movimentado e imprevisível e apresentar um dos poucos atores da época tidos como “durão e de feições impenetráveis” (leia-se “heroi másculo e misterioso”), o que não era pouco para esse tipo de filme. Para a maioria, boa ou ótima diversão, sendo ainda verdade que o grande Martin Scorsese, ao comentar sobre o cinema americano em geral, rotulou este filme como algo de rara beleza “neo-noir vanguardista”. 8,9

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