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NO PORTAL DA ETERNIDADE (AT ETERNITY´S GATES)

Goste-se ou não de Willem Dafoe, o sujeito é um grande ator e faz grandes imersões nos papéis que representa. Esta composição de Van Gogh, quase no final do século 19, é dedicada e inspirada e valeu a ele uma indicação para o Oscar, o que não é pouco, principalmente considerando as inúmeras versões que são feitas contando a história do famoso pintor impressionista e que acabou insano, inclusive cortando uma das orelhas. A ótima direção de Julian Schnabel (O escafandro e a borboleta, Basquiat, Antes do anoitecer) aproxima o personagem de nós, bem como a época em que viveu, sendo difícil acreditar que esse gênio não só não era reconhecido, como desprezado pelos seus pares, tendo de mendigar para sobreviver. Mas, afinal, esse fato não foi tão incomum assim com relação a muitos artistas que somente foram valorizados na velhice ou após morrerem. O filme privilegia imagens campestres, com as cores de predileção de Van Gogh, mas como se trata de um personagem introspectivo e com vários sintomas de loucura (que avança, paralelamente às demais pressões), embora em sua arte dono de uma lucidez e originalidade inegáveis, é um filme meio deprimente e que não traz grandes novidades, afinal Dafoe é o filme e nele tudo se concentra. Mas é interessante acompanhar o pouco espaço de tempo em que ele teve uma produção absolutamente admirável, que foi a época em que mudou para o sul da França, a conselho de seu amigo e protetor – e também famoso pintor – Paul Gauguin.  7,8