SETE HOMENS E UM DESTINO (THE MAGNIFICENT SEVEN)

Este é o filme original, de 1960 -tendo havido um remake em 2016 com Denzel Washington & Cia-, embora seu roteiro tenha sido baseado no filme Os sete samurais de 1954 (Akira Kurosawa), no qual os “mocinhos” defendem os produtores rurais nas aldeias montanhosas. Trata-se de um faroeste estilo “diversão”, repleto de clichês e detalhes implausíveis (como a piada do prédio de 10 andares e o ingresso do pistoleiro dos “mocinhos” no bando dos “bandidos” sem ser percebido – inclusive bandidos que se conheciam, um ao outro, pelo nome!). É, assim, totalmente previsível, mas como filme “diversão” não tem outro compromisso senão o de ser leve, entreter e apresentar coisas e cenas que todo fã de faroeste gosta de ver: ação, heroísmo, algum humor, romance e certas atitudes, com atores conhecidos e de preferências belas imagens e boa trilha. Embora aqui, excepcionalmente, também tenha sido inserido no roteiro um componente diferente do usual: o herói que reflete sobre seu papel no mundo, inclusive um dos pistoleiros assumindo para ele mesmo o papel do covarde que precisa de atitude. Virtude inegável do filme, além das maravilhosas imagens e cenas do Velho Oeste (a partir da cidadezinha e da cena do enterro – onde o fã já vibrava com Yul Brynner e Steve McQueen mostrando sua coragem) são tanto as lições de moral (do personagem de Bronson, por exemplo), de pacifismo (mas não acomodado), como a trilha sonora e o grande prazer de ver esse elencaço atuar, com grandes artistas e todos na melhor forma: Yul Brynner (O rei e eu, Westworld), Steve McQueen (Papillon, Fugindo do inferno), Charles Bronson (Era uma vez no Oeste, Desejo de matar), James Coburn (Quando explode a vingança, Flint), Robert Vaughn (O agente da UNCLE), além do ótimo Eli Wallach (Três homens em conflito) fazendo um grande papel de bandido e o menos conhecido mas com dezenas de filmes, Horst Buchholz (o jovem impetuoso que se junta ao banco). Apenas Brad Dexter fica meio fora do contexto, parecendo o tempo todo deslocado dos demais e destoando do grupo tão harmônico e no qual cada um tem sua personalidade muito bem definida. Quanto à música de Elmer Berstein, está presente em todo o filme, inclusive em cenas onde outros diretores optariam pelo silêncio (o que para alguns representou um certo excesso). Claro que esse fato foi uma opção do diretor John Sturges (Fugindo do inferno, O velho e o mar, E a águia pousou). De todo modo, a trilha sonora foi indicada para o Oscar de 1961 e a música-tema ficou para a história, como uma das mais representativas e poderosas do gênero. O filme é muito empolgante, principalmente pela música, pelo elenco e pela nobre missão dos pistoleiros e o final é heroico e ao mesmo tempo melancólico, com o personagem do Yul Brynner repetindo uma reflexão anterior sobre o destino dos pistoleiros, dentro da permanente rotina de cumprir a missão e depois novamente partir, sem vínculos: “nós sempre perdemos”. Diversão garantida e um clássico, inclusive pela veneração aos astros aqui envolvidos, absolutamente simbólicos não apenas para o gênero, mas também para a própria história do cinema.  8,8