EL CUENTO DE LAS COMADREJAS (A GRANDE DAMA DO CINEMA)
Mais um belíssimo filme argentino, um remake, dirigido por Juan José Campanella (O filho da noiva, O segredo dos seus olhos…), que é peça essencial na condução de tudo, inclusive quanto aos enquadramentos interessantes de câmeras. De início, a música dos anos 60 “I´m sorry” (Brenda Lee) e as imagens nos mostram que o palco dos fatos é uma casa antiga, de três andares (com o sótão), onde além da diva do passado – ganhadora do Oscar colocado em local de honra- moram também alguns exemplares do reino animal (gambá, ratazana, aranha, galinhas e doninhas, estas últimas dando nome ao filme) e outros três idosos: o marido, um ex-diretor e um ex-roteirista de cinema. O filme vai girar em torno deles, interpretados por Graciela Borges, Oscar Martinez, Marcos Mundstock e Luis Brandoni e de outros dois personagens que logo surgirão, interpretados por Clara Lago e Nicolás Francella. Desde o início já somos brindados com diálogos maravilhosos, repletos de humor inteligente, sarcasmo e muita acidez. Tempos idos de glória, ambição, vaidade, tudo servido em doses inteligentes e criativas, muitas vezes como humor negro e em tom de farsa. São diálogos brilhantes e rápidos durante todo o filme, que, entretanto, também tem seus momentos sérios e melancólicos. Mas vira um jogo de gato e rato, no qual não se sabe qual será o próximo lance. O filme é extremamente bem feito e além do elenco perfeito tem todos os seus elementos bastante harmoniosos, com uma excelente trilha sonora (Young at Heart, Only you etc, esta última tocada em um momento singular). Muitos são os detalhes e as cenas marcantes, como a estátua no jardim, a alusão aos clássicos do cinema (como “Crepúsculo dos deuses”, a mais óbvia), a divertidíssima cena inicial da sinuca e a segunda cena, filosófica e contundente, as da aranha, a da verruga no quadro e assim por diante. Uma das frases: “Se os filmes, que são feitos de plástico envelhecem, imagine o amor, que é feito de boas intenções”. O final surpresa é também maravilhoso e fecha com chave de ouro. Em suma, um filme diferente, rico e que com sua inteligência e criatividade cativa e prende o espectador, que verdadeiramente fica refém da obra e com isso ganha uma diversão extremamente prazerosa. 9,2