SINDICATO DE LADRÕES (ON THE WATERFRONT)

Um filme produzido em 1954, bastante forte e impactante para a época e que nos dias de hoje ainda permanece como uma crítica social atual. A história contempla a máfia sindical portuária, da estiva, no controle das docas e dos trabalhadores (sempre intimidados e silenciando sobre as atividades criminosas do sindicato), mostrando que a corrupção já estava presente na própria escalação/chamada do pessoal avulso para trabalhar a cada jornada. Marlon Brando é o protagonista, já com intenso brilho próprio, apesar da carreira ter começado pouco tempo antes: três anos antes, em Uma rua chamada pecado (Um bonde chamado desejo), dois anos antes em Viva Zapata, um ano antes em O selvagem e Júlio César e a partir deste filme estrelando inúmeros outros, como A casa de chá do luar de agosto, Sayonara, Os deuses vencidos, A caçada humana, O pecado de todos nós etc. Brando -na época com 30 anos- faz um personagem de início vadio e vazio, uma boa vida protegido pelo sindicato, onde seu irmão (Rod Steiger) é o braço direito do chefão (Lee J. Cobb). Aliás, a atuação de ambos também é notável, juntamente com a de Karl Malden, tendo sido os três indicados ao Oscar. Malden faz o papel de um padre (que bebe e luta, como se imagina um padre irlandês!) que surpreendentemente é quem lidera um movimento que se inicia para se opor às arbitrariedades das chamadas, bem como ao monopólio e às atividades de crimes do sindicato. Martin Balsam é outro ator que ficaria famoso e que participa do filme, em um papel menos participativo. Eve Marie Saint tem também uma atuação ótima e ganhou o Oscar de coadjuvante. Na verdade,  o filme teve 12 indicações ao Oscar, ganhando em 8 categorias: Melhor filme, diretor, ator, atriz coadjuvante, roteiro original, edição, direção de arte e fotografia em p&b. Não ganhou apenas nas modalidades de Melhor trilha sonora e na de Melhor ator coadjuvante: curiosamente, ganhou nessa categoria Edmond O´Brien (A condessa descalça), embora o filme tenha concorrido simplesmente com três atores: Lee J. Cobb, Karl Malden e Rod Steiger, algo inédito até hoje. O diretor foi o famoso e respeitado Elia Kazan, greco-americano que, segundo consta, foi quem revelou Marlon Brando e James Dean para o cinema, tendo dirigido, entre outros filmes,  Uma rua chamada pecado (Um bonde chamado desejo), A luz é para todos, Viva Zapata, Clamor do sexo e Vidas amargas. Um ano antes deste filme, curiosa e ironicamente (pelo próprio roteiro!), Kazan delatou alguns colegas comunistas à famosa Comissão para Atividades Anti-americanas. Apesar dos elogios de alguns, a trilha sonora tem altos e baixos, às vezes parecendo meio inadequada e às vezes exagerada, apesar dos seus grandes acertos. O filme tem ótimas cenas (como a conversa dos irmãos dentro do carro) e integra várias listas como um dos grandes da história do cinema. A sua parte final é recheada de muito suspense e grande tensão, com grandes performances do elenco. 8,8