SALTBURN
Estamos diante de um filme para adultos, denso, chocante, mas atraente e instigante, que faz um estudo extraordinário de personagens, rompe com as convenções e vai causar bastante polêmica, principalmente por algumas cenas fortes e até incomuns. Uma obra inteligente, sarcástica, imprevisível e que aborda vários temas – tendo como pano de fundo Oxford e a própria Saltburn, que dá nome ao filme -, como classes sociais, paixão, desejo, cobiça, obsessão, alienação, futilidades, ódio, inveja, ócio, destilando crítica social e não poupando o espectador das sombras visíveis e invisíveis da vida comum e da aristocrática. Na verdade o filme vale muito mais pelo que ele não mostra e que são suas camadas mais sinistras e perversas,em um drama bem construído, roteirizado e dirigido pela excelente Emerald Fennel, a mesma de Bela vingança com Carey Mulligan, que aqui também tem um papel, embora pequeno (a despeito de ser marcante pela sua extravagância). O restante do elenco, contudo, é também composto por “feras”, como Rosamund Pike e Richard E. Grant (que, no cartaz, está ligeiramente parecido com Christopher Walken), além dos ótimos protagonistas Jacob Elordi (Euphoria) e Barry Keoghan (Os Banshees de Inisherin). Fortíssimo no tema, provocante e causador de muitas sensações, inclusive inesperadas, principalmente em sua parte final, o filme é, por todos os motivos citados, recomendado a público especial (certamente adulto) e certamente desperta muitos debates em torno de seu valor artístico e das suas pungentes mensagens. Lançamento de final de ano (2023) da Prime. 8,8