O CONSELHEIRO (COUNSELLOR AT LAW)
Impressionante o ritmo vertiginoso que este filme (de 1933) adota desde o seu começo, mostrando a agitação de um grande escritório de advocacia. O retrato é do movimento de clientes, em um entra-e-sai constante (além da espera pelo atendimento), mas também da rotina incessante dos próprios funcionários, principalmente as secretárias pessoais dos chefes e a telefonista, todos administrando várias coisas e pessoas ao mesmo tempo e sucessivamente. Além das atividades dos próprios advogados, claro. Uma grande direção de atores e de todo o contexto decorre não apenas a grandeza do escritório, mas também a estatura jurídica dos profissionais que ali atuam, principalmente o protagonista: Dr. Georges Simon, advogado bem sucedido e obcecado pelo trabalho, muitíssimo bem interpretado por John Barrymore, tido como um dos grandes atores da época (contam que ao fazer este filme ele sofria de problemas de memória, decorrentes do alcoolismo). O diretor do filme é o consagrado William Wyler (Os melhores anos de nossas vidas, Infâmia, A princesa e o plebeu, Ben Hur), que aqui mais uma vez esbanja talento e competência, contando uma interessante história (que já foi encenada em teatro) com muita sensibilidade e profundidade, sem que em nenhum momento deixe cair o nível ou dominar o sentimentalismo barato. E os fatos vão ocorrendo, até que sobrevêm imprevistos e o roteiro toma um rumo inesperado, colocando em choque todo um universo cuidadosa e amorosamente construído e deixando o espectador sem saber que caminhos o enredo tomará, notadamente diante dos impasses – inclusive morais – que surgem subitamente. A parte final apresenta conflitos e tenta dissolvê-los, mostrando que padrões, enfim, serão eleitos como prioritários, dentro das escolhas que colocam em risco pontos sensíveis, como o casamento, a honra, a profissão, o status conquistado etc. Um filme que surpreende e que mantém o público cativo desde o início até o seu final. 9,0