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PSICOSE

Talvez o mais famoso filme de Alfred Hitchcock, pelo menos aquele em que teria dado mais susto nas pessoas e criado um gênero diferente de filme, com tensão e suspense permanentes, salpicados de momentos de quase terror. O fato é que Hitchcock tentou, naquele ano de 1960, ao máximo possível guardar a sete chaves as surpresas do filme e manter todo o suspense efetivamente guardado para o momento de projeção, no dia do lançamento. E os espectadores –que deixaram de ter o bom sono normal depois de ver o filme- acabaram contribuindo, ocultando dos que ainda iam ver as informações principais ou pelo menos os dois principais momentos do roteiro, que são as cenas do chuveiro (eterna) e da escada. A primeira tem além da curiosidade das diversas tomadas (sendo também vários os takes feitos para a segunda cena), a de que o diretor pretendia inicialmente filmá-la em completo silêncio, ficando convencido do contrário ao tomar conhecimento da música preparada para aquele momento por Bernard Herrmann (os estridentes acordes de violino), a qual acabou para sempre vinculada à cena na mente dos cinéfilos e na história do cinema. Em belo preto e branco e com o suspense desde o início acentuado pela bela trilha sonora, este filme constrói uma história com algumas lacunas, mas que se firma nas qualidades de seu suspense e de seu diretor, deixando marcas de estilo e pelas cenas já referidas. Hitchcock acabou sendo endeusado não só pelos fãs, mas também pelos colegas de profissão, incluindo os famosíssimos críticos da revista Cahiers du Cinema, François Truffaut, Jean-Luc Godard e Claude Chabrol (responsáveis pelo importante movimento Nouvelle Vague). Interessante, também como marca do diretor, que o mesmo aparece rapidamente em uma das cenas de seus filmes, sendo um dos desafios do espectador o de descobrir esse momento, que em alguns filmes é fácil e em outros mais dissimulado. Neste filme, por exemplo, o diretor aparece rapidamente no início do filme, com um  chapéu de vaqueiro na calçada, no momento em que a personagem de Janet Leigh está entrando no escritório em que trabalhava. Aliás, nesse escritório sua colega de trabalho era a filha do cineasta, Patrícia Hitchcock (em rápida aparição). Janet pode-se dizer que era a “mocinha” do filme, tendo ganho o Globo de Ouro de Melhor atriz e sido indicada ao Oscar para o mesmo prêmio. Na época do filme tinha 28 anos e já havia feito alguns papéis importantes no cinema, como em A marca da maldade (1958) e muitos anos antes Houdini (1953), com Tony Curtis, com quem se casara em 1951 e teria como filha a futura atriz Jamie Leigh Curtis (nascida em 1958). O filme ficou famoso e o diretor ficou mais célebre ainda, inclusive pelas frases que costumava lançar à queima-roupa para a mídia, como a de que fazia filmes para deixar o espectador angustiado, fazê-lo sofrer…de que o maior terror é o dos fatos sugeridos e não o dos vistos. E assim por diante. Personagem vital no enredo é o desempenhado por Anthony Perkins, que acabou ficando estigmatizado por seu papel durante muitos anos. Trabalham também no filme Vera Miles (O homem errado, Rastros de ódio, O homem que matou o facínora), Martin Balsam (excelente ator, de mais de meia centena de filmes) e, entre outros, Simon Oakland (futuro chefe do Kolchak). Um filme que ainda hoje provoca alguns calafrios e que virou um ícone, servindo de inspiração para inúmeras outras produções, que de um modo ou de outro acabaram rendendo tributo ao grande mestre do suspense. 8,7