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NAPOLEÃO

Alguma coisa faltou neste filme, mas não é tão fácil identificar exatamente o quê. Possivelmente sejam várias coisas. Ou ao invés de faltar, sobrou, porque talvez o longa-metragem de duas horas e meia pudesse ser um pouco mais condensado. O fato é que a expectativa era grande, inclusive quanto ao Globo de Ouro e provavelmente ao Oscar, mas o que se esperava de certa forma virou frustração. Não é o que acontece, mas se aguardava um épico inesquecível, afinal o protagonista é Joaquin Phoenix e o diretor Ridley Scott: aquele, magnífico intérprete e ator de personagens inesquecíveis como em Ela, O mestre e Coringa; este, um cineasta dos mais respeitados do cinema, com filmes como os clássicos Blade runner, Alien e Gladiador. Na verdade, o filme está longe de ser ruim, mas efetivamente quebrou algo do que se esperava, quem sabe pela edição e as dificuldades naturais de se colocar na tela de uma forma sintetizada toda uma história envolvendo a Revolução Francesa e a ascensão e queda do mais famoso imperador e general francês: Napoleão Bonaparte. De todo modo, o filme começa muito bem (com cenas vigorosas, iniciando com a da decapitação de Maria Antonieta) e faz um painel interessante da história da França e principalmente de Napoleão, incluindo seu temperamento, sua notável capacidade de agregar exército e admiradores (inclusive pelos seus notórios conhecimentos táticos de guerra, além de seu arrojo) e seu relacionamento conturbado e irregular com a sempre festejada Josefina (interpretada muito bem por Vanessa Kirby, princesa Margaret em The Crown), que, seja como for a história, no filme assume um papel vital na vida de Bonaparte. Na chamada “corrida do Oscar”, o filme foi perdendo fôlego e realmente decepciona um pouco em seu todo, a despeito de apresentar qualidades inegáveis, como grandiosas batalhas, um imperador muito bem forjado e um relacionamento tumultuado e bem delineado com Josefina, que também se faz uma personagem interessante; além dos detalhes técnicos, é claro, elementos inseparáveis das produções de Ridley Scott. Um bom filme e que infelizmente deixa de ser ótimo ou inesquecível, por pecar no desenvolvimento (sem o necessário vigor contextualizado), na montagem e no roteiro com imperfeições. 8,5