Tennessee Williams foi um premiado dramaturgo americano, que inclusive ganhou dois prêmios Pulitzer de Teatro: por Uma rua chamada desejo (1948) e justamente por Gata em teto de zinco quente (1955), em cujo texto foi baseado o roteiro deste filme de 1958, escrito por Richard Brooks, que também o dirigiu (bem como Rancor, Os assassinos, À procura de Mr. Goodbar, entre vários outros). Pode-se prever perfeitamente que roteiros baseados em obras de Williams rendem dramas fortes, densos, com diálogos ácidos e que aprofundam o íntimo dos personagens, fazendo muitas vezes, como se diz popularmente, a “lavação/lavagem das roupas sujas” geralmente em um grupo íntimo e familiar. É o que aqui acontece e no curso da história alguns segredos são revelados e a hipocrisia que navegava abaixo da superfície vem à tona de forma clara e contundente. Os diálogos são pesados e consistentes e obviamente exigem muito dos atores, razão pela qual um filme desse quilate necessita de uma condução absolutamente segura e de um elenco absolutamente coeso e competente (até porque os textos de TW, regra geral, foram feitos para o teatro). E é o caso. Com personagens bem delineados e consistentes, a ótima direção flui em total harmonia com os excelentes desempenhos de Elizabeth Taylor (além de tudo, belíssima), Paul Newman (em plena forma, em todos os sentidos), Burl Ives (magnífico), Jack Carlson e Madeleine Sherwood, basicamente, tornando ver este filme um grande prazer, apesar da intensidade do tema. A censura da época reduziu quase a zero as referências ao homossexualismo (ou bissexualismo…), suprimindo também os palavrões do texto original, mas mesmo assim a obra não perdeu em nada sua força, deixando inclusive, habilmente, algumas respostas perceptíveis nas entrelinhas. Um drama que desconstrói a estrutura familiar aparentemente sem arranhões -mas que na realidade já continha inúmeras fendas ocultas- ou, em outras palavras, que revela bastidores da alma, descortinando a humana falsidade. 9,2
