BOA SORTE, LEO GRANDE

Um filme de atriz e ator. E diretora. Um texto que poderia ter lugar no teatro, pois a história se passa quase toda em um só local: um quarto de hotel. Mas primeiramente deve ser dito que qualquer restrição anterior que alguém tenha com relação à britânica Emma Thomson deverá acabar com este filme. Porque ela apresenta simplesmente uma performance maravilhosa e mostra definitivamente a grande atriz que sempre foi, principalmente pelas dificuldades de transmitir as corretas nuances de uma personagem bastante difícil de retratar, pela sua própria complexidade e riqueza e também da temática. Mas seu partner, o irlandês Daryl McCormack, também é ótimo e o filme na realidade se resume à atuação dos dois, impecáveis no retrato de figuras humanas, verossímeis, sanguíneas, imersas em conflitos existenciais, estruturados por diálogos inteligentes, interessantes e instigantes em uma relação que extrapola os limites do usual. O roteiro vai seguindo caminhos mais ou menos uniformes, embora sempre muito bem construído e com muita delicadeza, mérito também da direção da australiana Sophie Hyde, que poderia pelo tema tratado facilmente enveredar por caminhos banais, mas em momento algum o faz. E ocorre então, subitamente, a quebra de toda aquela linha sem grandes sobressaltos e somos levados por caminhos inesperados. Deliciosamente imprevisíveis, de belas e maiores descobertas. E a formidável reviravolta além de nos tocar profundamente e de nos colocar frente a frente com uma realidade, também confirma do filme as suas virtudes, bem como enaltece sua generosa porção de humanidade. 8,8