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OPERAÇÃO FRANÇA (THE FRENCH CONNECTION)

Este filme de 1971, pelo seu gênero e estilo, não tinha mesmo como não envelhecer: é um drama policial e trata de uma missão de identificar e prender uma quadrilha internacional de drogas, com vigilância e batidas permanentes. O filme se passa todo em Nova Iorque, mas o chefe da gangue é francês (Fernando Rey, ator contumaz de Buñuel) e a primeira cena ocorre em Marselha – na verdade, os únicos elementos de conexão dos crimes com a Europa. Mas o filme perdeu o fôlego com o tempo porque além de a história não ter novidade alguma, as emoções ficaram bastante “datadas” por conta da evolução tecnológica do cinema. Na época, porém, o filme fez um grande sucesso (tanto, que teve uma continuação em 1975), sendo aclamado pela crítica e pelo público e ganhando os Oscars de Melhor Filme, Diretor (William Friedkin, que dois anos depois faria O exorcista), Ator (Gene Hackman), Roteiro adaptado e Edição. De todo modo, a montagem realmente é ótima, bem como a direção e a atuação de Hackman, na boa companhia de Roy Scheider e há cenas muito boas, como a do Popeye (Gene) dirigindo em alta e perigosa (leia-se irresponsável) velocidade, para acompanhar o metrô e apanhar o marginal que lá está em seu ponto próximo de chegada – cena que ficou famosa pela fabulosa concepção e realização, em meio às ruas de NY. Mas o filme já era imperfeito naquela época, notadamente nas cenas de sangue (a cor do sangue é ridícula) e em pelo menos dois momentos: 1) em meio à alucinada trajetória dirigindo um carro no meio de um trânsito louco e inclusive passando sinais vermelhos, nenhum motorista vai ter tempo ou a imprudência de olhar para trás (no máximo no retrovisor); 2) depois de uma perseguição difícil a um bandido, que é a única conexão que o tira poderá obter para localizar os demais criminosos, matar esse indivíduo ao invés de lhe dar um tiro nas pernas, por exemplo, é um ato absolutamente inverossímil dentro do contexto, além de completamente idiota. Atualmente, é um daqueles filmes, estilo “Dr. Jivago”, que ficou famoso com a própria fama.  7,6