CASTELOS DE AREIA (SUNA NO UTSUWA)
Necessário indicar também o nome original do filme e informar que é de 1974 e dirigido por Yoshitaro Nomura, para diferenciar de outros com o mesmo nome ou nomes parecidos. Este é um filme japonês, já se percebeu, de um gênero não muito comum na época: pois é um drama policial. Mas é bastante interessante, porque se trata de uma investigação da polícia, feita com a obstinação e os métodos japoneses, ou seja, o modo oriental de ser: seguir sempre, com persistência, paciência e argúcia. O que dá seriedade ao caso e também ao filme, que não se perde em floreios ou em temáticas acessórias e desnecessárias. E assim o espectador vai acompanhar, passo a passo, todos os atos na busca da verdade a respeito de um assassinato, cujos detalhes nos serão também revelados aos poucos. Sem muita surpresa, as buscas pela verdade envolverão uma boa geografia além de Tóquio e a necessidade de se procurar as respostas no passado. E nesse ponto o filme vai crescendo de interesse, prendendo o espectador e em sua parte final simplesmente se torna uma surpresa maior, ao absorver outros gêneros, ampliando seu foco e tornando-se mais fascinante. Tudo isso sem perder de vista os valores sempre preservados pelos orientais, com sua filosofia de vida, suas tradições, que incluem o respeito aos mais velhos, os ensinamentos que passam de pais para filhos, percorrendo as gerações e a integração com a natureza. A solução do caso vai envolver o assombro do passado (que nos será mostrado em flashbacks) e as decorrências do presente, com muitos ingredientes emocionais que certamente lembrarão a muitos os dos filmes de Charles Chaplin, formando um contexto bastante original e sem dúvida marcante e admirável. O filme talvez tenha uma duração excessiva (2h 20min mais ou menos), talvez pudesse abreviar as cenas de seu final, mas em seu todo é uma obra que não mereceria ser esquecida, pelo seu alto valor cinematográfico e a excelência de seu roteiro, elenco e direção. Um thriller policial com uma trama muito bem construída e que em alguns momentos adquire inclusive os contornos das grandes obras do cinema. 8,7