BALAS QUE NÃO ERRAM (NO NAME ON THE BULLET)

E de repente a cidade está em polvorosa. Vários dos habitantes passam a ficar tensos, nervosos, preocupados, alguns deles realmente perturbados. Porque alguém vai morrer e ninguém sabe quem. E isso porque chegou no local um afamado pistoleiro profissional, que na verdade é um hábil e impiedoso assassino que mata por dinheiro. E que nunca é incriminado, porque consegue induzir a vítima a tentar inutilmente se defender, fazendo sempre parecer uma situação de duelo amparado pela lei. Este invulgar e inteligente faroeste de 1959 é estrelado por Audie Murphy, um verdadeiro herói, condecorado, de guerra e dos mais prolíficos atores de westerns do cinema (33 faroestes, entre 1950 – quando tinha 25 anos – e 1969). E que aqui compõe muito bem um personagem misterioso e contido, havendo na história também a importante participação do ator Charles Drake. E não se trata aqui propriamente de um drama de ação do Velho Oeste, mas sim de um faroeste psicológico, que inclusive discute ética, a condição humana (defeitos, fragilidade, paranoia etc) e que conta com um ótimo e rico roteiro, apresentando interessantes diálogos em vários momentos. O espectador tampouco sabe quem será a futura vítima do matador e esse é um elemento a mais de atração e que contribui para o aumento da tensão, à medida em que a história evolui e a pressão do tempo – e o medo – passam a comandar as ações. O diretor é o competente americano Jack Arnold, que antes havia dirigido o fabuloso O incrível homem que encolheu, além de inúmeros outros filmes, entre os quais O monstro da lagoa negra e Tarântula. Por conta dele e do elenco (e da edição e trilha, naturalmente) o filme tem um desenvolvimento realmente notável. E em dado momento, quando alguém pergunta para o pistoleiro de aluguel a quem, afinal, ele veio procurar, ele responde simplesmente que poderia ser qualquer um, porque todos sem distinção possuem inimigos. 9,0